Nunes evita salto alto após Datafolha, e Boulos tem uma semana para reagir
Para ter esperanças de vencer as eleições para a Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) tem uma semana para reagir.
As pesquisas Datafolha e Paraná, divulgadas nesta quinta-feira (10), são desfavoráveis para o candidato do PSOL e refletem a posição do eleitorado que veio do primeiro turno.
A campanha para o segundo turno já começou timidamente, mas a propaganda eleitoral gratuita volta ao ar nesta sexta-feira (11).
Especialistas de pesquisas de opinião ouvidos pela coluna afirmam que Boulos precisa começar a estreitar a curva nas sondagens da semana que vem ou vai ser muito difícil virar.
Na Paraná Pesquisas, Nunes tem 52,8% das intenções de voto e Boulos tem 39%. No Datafolha, a diferença é ainda mais expressiva: 55% para o atual prefeito e 33% para o candidato do PSOL.
Nas campanhas, o clima é de embate, apesar dos números atuais.
Entre os aliados de Nunes, a ordem é não colocar o "salto alto". Eles dizem que seus trackings estão mais próximos da Paraná Pesquisas do que do Datafolha e evitam desmobilizar a militância.
Não dispensam o apoio de Bolsonaro apesar do seu oportunismo no primeiro turno. O ex-presidente vem a São Paulo, finalmente, no dia 22 de outubro gravar com o candidato agora que Pablo Marçal (PRTB) está fora da disputa.
Está no centro dos planos do time do emedebista apontar as diferenças dos perfis dos dois candidatos. Nunes teria a experiência de ter sido vereador e prefeito, enquanto Boulos está no seu primeiro mandato de deputado sem nunca ter ocupado um cargo executivo.
Uma das maiores dificuldades do candidato do PSOL é sua expressiva rejeição: 58% contra 37% do prefeito, conforme o Datafolha.
Assessores de Nunes querem consolidar os votos que foram de Marçal e que herdaram por inércia: 84% dos eleitores do ex-coach dizem que vão votar no prefeito sem qualquer endosso formal do candidato.
A equipe de Boulos não se dá por vencida.
Seus aliados afirmam que já esperavam esses primeiros resultados, que há um percentual de indecisos e que podem virar votos de Nunes, que não estão tão convictos assim.
Defendem que prefeitos bem avaliados venceram com larga margem no primeiro turno, como João Campos (PSB) no Recife ou Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro.
Para assessores de Boulos, os debates serão um poderoso instrumento de mudança de voto, além do tempo igualitário de TV. Até agora Nunes disse que vai participar de apenas três, provavelmente, TV Bandeirantes, UOL/Folha/Rede TV e TV Globo.
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Quero receberPessoas próximas ao psolista afirmam ainda que o engajamento do prefeito em redes sociais é menor que o de Boulos. E querem convencer os eleitores de Tabata Amaral (PSB) a ir com ele, adotando as propostas da candidata. Segundo o Datafolha, apenas metade vai votar no candidato do PSOL.
Boulos também tenta atrair uma fatia dos eleitores de Marçal: os jovens, que teriam votado pela mudança e não pela extrema direita. O candidato chega até a sinalizar adotar propostas do ex-coach. Só que essa tarefa é dificílima, como mostram os números já citados acima. Apenas 4% dos eleitores de Marçal optam por Boulos.
A polarização vai se acirrando. Assim como Bolsonaro, que finalmente estará com Nunes, Lula também virá novamente a São Paulo apoiar Boulos.
Só que essa eleição parece ser menos sobre os dois e mais sobre o buraco da rua, a creche e o posto de saúde - como geralmente são os pleitos municipais.
E, neste caso, Nunes, com o cofre cheio e entregas pela periferia que atendem principalmente as mulheres, leva vantagem.
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