Amigo de Lula critica PT por assinar manifesto contra corte de gastos
Amigo pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado estadual Emidio de Souza fez uma crítica pública ao PT por ter assinado um manifesto de movimentos sociais contra o pacote de corte de gastos em estudo pelo governo.
Procurado pela coluna, Emidio disse que escreveu o texto em caráter pessoal. Ele é conhecido, no entanto, por sua amizade de longa data com Lula e por sua proximidade com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O manifesto criticado por ele foi assinado pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
"Do ponto de vista dos movimentos sociais, nada novo. Eles são porta-vozes de legítimas aspirações do povo brasileiro. Dos demais partidos de esquerda, embora componham a frente ampla que elegeu o presidente Lula em 2022 e façam parte do primeiro escalão do governo, têm sua própria dinâmica e interesses", escreveu Emidio.
"Já do PT, partido do presidente Lula e condutor principal da frente, que também assinou a nota, esperava-se outra postura. Nós não estamos no governo, nós somos o próprio governo. Não somos um movimento social. Somos o partido político que dirige o país", completou.
O deputado prossegue e diz que o governo opera com um Congresso "hostil", que desautoriza qualquer "amadorismo" e que não se pode dividir os petistas entre os "defensores dos direitos sociais e os que querem sacrificar esses direitos". "Alguém acredita mesmo que Lula e Haddad se prestariam a esse papel?", questiona.
Emidio diz que é preciso reconhecer os "limites do Orçamento público" e que "nada disso é novidade", dado o ajuste que foi necessário fazer durante o primeiro governo de Lula, em 2003.
Fontes consultadas pela coluna dizem que, por trás da discussão interna sobre o corte de gastos, está a disputa pelo comando do PT. Gleisi vai deixar a presidência e apoia o deputado José Guimarães para sucedê-la, enquanto petistas mais moderados, como Emidio e Haddad, querem Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara (SP).
Além disso, é conhecida a disputa entre Gleisi e Haddad sobre os rumos da economia e a eventual sucessão de Lula.
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