Raquel Landim

Raquel Landim

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Redução de jornada é tendência, mas, por meio de lei, eleva informalidade

A redução da jornada de trabalho é uma tendência.

A medida que a renda e a qualificação aumentam, as pessoas demandam mais lazer. As novas tecnologias também geram a oportunidade de horários mais flexíveis em algumas ocupações e de arranjos entre empresas e trabalhadores.

Também ninguém nega que trabalhar seis dias e descansar um é cansativo e invade o fim de semana.

E, claro, todo trabalhador quer reduzir a quantidade máxima obrigatória de horas trabalhadas de 44 para 36 sem redução de salário.

Só que não adianta tentar mudar a realidade com uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) movida apenas por lacração em rede social e sem uma discussão aprofundada.

"O custo unitário do trabalho vai subir, a produtividade da economia cai. Ao longo do tempo, o trabalhador vai ganhar menos e a informalidade aumenta", explica o professor Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Ibre/FGV.

Traduzindo: se o trabalhador exerce uma atividade com produtividade baixa e trabalha menos horas, ele produz menos e o custo da hora trabalhada aumenta.

Sem reduzir salários, as empresas vão fazer duas coisas. De imediato, repassar nos preços para os consumidores, gerando inflação.

E, ao longo do tempo, moderar os reajustes concedidos ao trabalhador até que o seu salário esteja de novo de acordo com o que ele produz.

Continua após a publicidade

Caso não seja possível, vão demitir e contratar informais.

Isso não é terrorismo, não é a visão do mercado contra o trabalhador. É matemática e economia básicas.

O caminho é aumentar a qualificação do trabalhador e a produtividade da economia.

Boa parte dos parlamentares conhece essa realidade, por conta disso se cala. E o governo, que é do Partido dos Trabalhadores (PT), também sabe.

Não foi à toa que o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que a jornada 6 X 1 tem que ser discutida em acordos coletivos entre trabalhadores e empresas. Na prática, o que já vem ocorrendo em setores onde é possível.

O que falta é racionalidade ao debate em tempos de rede social.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.