Banqueiros pedem a Haddad para descontaminar pacote do marketing eleitoral
Os presidentes dos maiores bancos do país pediram ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um esforço para "descontaminar" o pacote de ajuste fiscal do "marketing eleitoral" do governo.
O apelo foi feito em uma reunião reservada nesta sexta-feira antes do início do almoço anual da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Segundo apurou a coluna, os banqueiros disseram ao ministro que o anúncio do pacote fiscal, feito em conjunto com a correção da tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física), tornou-se "marketing eleitoral" do governo.
E que isso frustrou os agentes financeiros que aguardavam "medidas estruturantes", que ajustassem o ritmo de crescimento das despesas públicas às regras do arcabouço fiscal. Essa quebra de expectativas é que provocou a disparada do dólar.
"Ninguém faz anúncio de corte de gasto em cadeia nacional de rádio e TV", disse uma fonte que participou do encontro à coluna.
Para outro banqueiro que também estava presente, a equipe econômica não deixou claro de quem havia sido a decisão de misturar os anúncios das medidas, mas a percepção dos presentes é que havia sido da área política e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por conta dessa preocupação com "descontaminar" o pacote, foi bem-vista a decisão dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, de separar a tramitação dos dois temas.
Enquanto o evento ocorria em São Paulo, Lira e Pacheco disseram pelas redes sociais que vão discutir o pacote ainda neste ano e a reforma da renda só em 2025.
Firmeza
Um banqueiro ponderou a Haddad que ele precisava continuar mostrando firmeza para não desidratar o pacote de corte de gastos, que já é considerado insuficiente pelo mercado.
O ministro respondeu - e repetiu em público - que o Congresso está disposto a aprovar as medidas e que, se houver mudanças, vai ser para economizar mais e não afrouxar os gastos.
Outra preocupação dos banqueiros é que, quando chegar a hora de negociar a reforma da renda, Haddad não deve aceitar o reajuste da tabela do IR sem a compensação de arrecadação adequada.
A proposta do ministro é elevar a tributação de quem ganha mais de R$ 50 mil, mas ele enfatizou que essa é uma decisão do Congresso.
Também participaram do almoço na Febraban o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e a ministra da Gestão, Esther Dweck.
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