Raquel Landim

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Reportagem

"Dólar a R$ 6 forçou negociação", diz CEO da Azul sobre fusão com Gol

O CEO da Azul, John Rodgerson, disse à coluna que o dólar a R$ 6 acelerou as negociações para a fusão entre Azul e Gol.

"O câmbio a R$ 6 forçou todos para a mesa de negociação. É melhor quebrar? Somos um produto importado - aeronave, combustível, tudo", afirmou.

"Todas as empresas aéreas estão renegociando dívidas. Não dá para dizer que todos são incompetentes".

Ele conta que, por causa do câmbio, foi obrigado a cortar voos para 12 cidades do Nordeste.

"Recebi ligações de um monte de governador, mas eu não tinha alternativa", diz.

O contrato de confidencialidade entre as duas empresas foi assinado em 12 de abril de 2024, mas a desvalorização abrupta da moeda brasileira acelerou o processo e o tornou público.

Segundo o executivo, era preciso informar à provável fusão ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência), à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), aos credores e ao mercado financeiro.

Dar publicidade às conversas também ajuda na renegociação de dívidas. A Azul acaba de reestruturar seus débitos com os credores, enquanto a Gol apresentou o plano de recuperação judicial nos Estados Unidos, o chamado Chapter 11.

Segundo Manuel Irrazával, diretor financeiro da Abra, holding controladora da GOL, a empresa planeja deixar o Chapter 11 com menos dívida e se unir a Azul para torna-se mais sólida.

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"Quando o consumidor tem três empresas, mas duas são frágeis, não vale a pena", diz ele.

Segundo Rodgerson, a fusão vai ajudar as companhias na negociação do querosene de aviação com a Petrobras, que é praticamente monopolista.

Ele também afirma que as duas empresas têm praticamente "uma Avianca" em aviões no solo, referindo-se a antiga Avianca Brasil, quando a empresa ainda operava no país.

O receio dos reguladores é que a redução de três grandes empresas - Azul, Gol e Latam - para duas aumente o preço das passagens aéreas. Juntas, Gol e Azul detém 60% da quantidade de passageiros.

O CEO da Azul acredita que, ao reduzir custos, vai conseguir aumentar a oferta de aviões no céu, o que reduziria o valor dos tickets.

Governo

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Rodgerson confirma que conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recentemente sobre a fusão durante um evento da Embraer.

"Nosso interesse e o do governo brasileiro são iguais: maior demanda por passagens aéreas e maior quantidade de voos".

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa, se manifestou a favor da fusão.

"Vai fortalecer a aviação brasileira. Não vejo risco de aumento de preços de passagens", disse o ministro a jornalistas.

Fontes ligadas a concorrente Latam estão preocupadas com a proximidade de Azul e Gol do governo brasileiro.

Não há prazo para a conclusão da fusão.

Reportagem

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