Trump ataca imigrantes porque não consegue baixar inflação com canetada

Donald Trump está de volta à Casa Branca, com um revogaço de medidas do antecessor Joe Biden e outros tantos decretos novos.
Boa parte das medidas de Trump é o famoso jogar para a plateia.
O perdão para os invasores do capitólio, o ataque aos transgêneros, aos direitos das mulheres, a retirada dos Estados Unidos do acordo do Clima de Paris, da Organização Mundial da Saúde.
São atos com consequências profundas para a democracia, para os direitos humanos, para a governança global, mas que pouco importam ao republicano.
Biden conseguiu fazer a economia crescer e gerar empregos, mas não conteve o aumento do custo de vida e da violência.
Trump entendeu rapidamente o problema durante a campanha. Governar é bem mais difícil. Seus primeiros decretos mostram, no entanto, que ele continua hábil em utilizar a propaganda em seu favor.
Ele sabe que não vai conseguir baixar a inflação numa canetada.
Afinal, ainda não se deixou alucinar por economistas que acreditam em controle de preços ou naqueles que defendem que dá para baixar os juros na marra.
Em suas primeiras medidas, não há nenhuma de política fiscal, monetária ou comercial. Só promessas de aumentos de tarifas contra México e Canadá. Citações ainda vazias à China.
Certamente deve existir debate interno na sua equipe entre aqueles que defendem o protecionismo para fortalecer a indústria e os que sabem que um surto tarifário vai prejudicar a competitividade dos produtos americanos.
Ok, tampouco é possível reduzir a criminalidade de uma hora para a outra.
Só que, com a questão da segurança, dá para manipular a opinião pública e passar a impressão de que o "comandante em chefe" está fazendo todo o possível.
Isso se você tiver um alvo certo. E Trump escolheu os imigrantes.
Os imigrantes, os cartéis de droga, as gangues - que ele coloca, preconceituosamente, no mesmo balaio.
Por isso, a pressão sobre o México, as menções ao Canal do Panamá, e a militarização da fronteira sul.
Tirar as Forças Armadas das missões internacionais e militarizar a fronteira é de longe uma das medidas mais importantes, tanto psicologicamente, como na prática, porque pode ter consequências importantes se realmente houver ordens de deportações em massa.
Nessa perseguição aos imigrantes, Trump também mudou a essência do que é ser americano, como ressaltou o colunista Jamil Chade.
Agora não basta nascer nos Estados Unidos, tem que ter "sangue" americano.
As frases de efeito são muitas, as ondas de indignação e júbilo intensas dependendo do lado da bolha, mas Trump pode ser tudo, menos ingênuo.
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