Raquel Landim

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Opinião

Lula sobe o tom e chama Trump de 'bravateiro' por Gaza e ameaça a Brics

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abandonou nesta quarta-feira (5) o tom mais diplomático em relação ao mandatário norte-americano Donald Trump e deu a ele uma alcunha que encaixa com uma luva: bravateiro.

Ao ser questionado sobre a promessa de Trump de ocupar Gaza, o brasileiro já começou deixando claro o que pensava do americano.

"Você tem um tipo de político que vive de bravata. E o presidente Trump fez a campanha dele assim", afirmou.

"Acho que as pessoas precisam parar de falar aquilo que lhes vem à cabeça e começar a falar o que é razoável. Cada um manda no seu país, governa o seu país e vamos deixar os outros países em paz".

A essência não é tão diferente do que quando Lula dizia que ele foi eleito para cuidar do Brasil e Trump, para governar os Estados Unidos, tentando tirar o Brasil da "zona de tiro" do presidente americano.

Mas o tom é totalmente distinto. E, na diplomacia, o tom conta, e muito.

Não é estranho, contudo, que Lula tem mudado as nuances de sua fala. A Palestina é um assunto importante para a esquerda e para o PT.

Mesmo o Brasil estando distante daquele lado do mundo, Lula foi bastante vocal sobre isso, chegando a causar incidentes diplomáticos com Israel, que tem uma comunidade judaica forte por aqui.

Lula, no entanto, parece finalmente irritado com Trump e não se restringiu a criticá-lo apenas quando falou de Gaza.

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Ao ser questionado sobre a ameaça do americano de sobretaxar os países dos Brics (Brasil, Rússia, China, África do Sul, entre outros) caso eles insistam em incrementar suas trocas de mercadorias em moedas locais, o presidente voltou à carga.

"Tem político que vive de bravata", repetiu. "Ele já falou que vai tomar a Groenlândia, anexar o Canadá, ninguém briga com todo mundo ao mesmo tempo".

Sobrou até para os jornalistas das rádios mineiras que faziam a entrevista e foram levemente repreendidos por "perderem tempo" com Gaza ao invés de perguntarem dos problemas do Estado —obviamente, nenhum jornalista ali poderia deixar de questionar sobre as falas de Trump.

Lula pode até ter se desviado dos planos dos diplomatas do Itamaraty, mas acertou em cheio na definição.

Trump realmente vive de manchetes e, por enquanto, joga maluquices na mesa de negociação para colher outros resultados.

É um bravateiro —mas com método.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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