Petróleo: Marina rejeitou pressão de ministros e atribuiu decisão ao Ibama
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A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, rejeitou a pressão dos colegas em uma reunião reservada e atribuiu ao Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis) a responsabilidade por liberar ou não a exploração de petróleo na Foz do Amazonas.
O encontro ocorreu no dia 29 de janeiro, em Brasília, e estavam presentes os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o comando da Petrobras.
Conforme relatos obtidos pela coluna, ao ser questionada por Costa e Silveira sobre o assunto, Marina teria respondido:
"Não adianta me pressionar, a decisão é do Ibama".
Observadores atentos da cena política dizem que foi por causa da resistência de Marina ao aperto dos colegas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu tomar a frente do debate político nesta quarta-feira (12).
Fontes da Petrobras argumentam que já entregaram todos os estudos necessários para iniciar o processo exploratório na região e tentar apurar o potencial petrolífero local, mas dizem que o Ibama estaria "empurrando com a barriga".
No entanto, a proximidade da COP30 (Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas), em Belém, teria aumentado o cacife político de Marina, tornando difícil para outros ministros fazer um embate aberto. Daí a entrada de Lula.
De acordo com pessoas que acompanham a discussão, o presidente e sua equipe tiveram três objetivos ao pressionar Marina e o Ibama com o discurso desta quarta:
1. Agradar o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que é do Amapá e tem muito interesse no tema. O governo possui diversos assuntos pendentes com Alcolumbre e essa discussão pode ajudar em outras barganhas políticas;
2. Entregar a exploração do petróleo na região como um feito do governo antes das eleições presidenciais de 2026;
3. Dar um recado ao Ibama de que o órgão não deve atrapalhar outras obras importantes que também ajudem no projeto de reeleição do presidente.
O posicionamento de Marina na reunião privada com os colegas, ao atribuir a responsabilidade da decisão ao Ibama, é o mesmo que ela vem adotando em público.
Na nota mais recente que divulgou sobre o tema, a ministra afirmou que "precisamos separar de quem são as competências para a definição da política energética brasileira e de quem são as competências da concessão de licenças ambientais" e que "cabe ao Ibama, de acordo com que está previsto na lei, avaliar se os projetos estão de acordo com os critérios previstos".
Ela afirmou ainda, na manifestação pública: "não cabe a mim, como ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, exercer qualquer influência sobre essas licenças —do contrário, não seriam técnicas".
Procurada, Marina Silva não deu entrevista.
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