Raquel Landim

Raquel Landim

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Em baixa, Lula repete Bolsonaro ao atacar governadores por alta da gasolina

Com a popularidade em baixa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu seu antecessor, Jair Bolsonaro, ao culpar o aumento do ICMS e os governadores pela alta do preço da gasolina.

Nesta segunda-feira (17), em evento da Petrobras, no Rio de Janeiro, Lula afirmou:

"Quando sai um anúncio do diesel, da gasolina, do gás, a Petrobras leva fama, o governo federal leva fama, e muitas vezes não tem culpa nenhuma", afirmou.

"Cada estado e cada posto têm liberdade de aumentar [o preço] a hora que quer. E os impostos pagos são em ICMS para os estados, como o último [aumento]", continuou.

"É importante informar a população disso, para o povo saber quem xingar na hora em que aumenta, para o povo saber quem é o filho da mãe [por trás] disso", completou.

As falas de Lula lembram, de imediato, o que dizia Bolsonaro, em 2021 e 2022, ao ser pressionado, na véspera da eleição, pelo aumento do preço dos combustíveis.

Em 30 de agosto de 2021, Bolsonaro já dizia:

"O grande problema do preço do combustível é a ganância por parte de muitos governadores de cobrar o ICMS em cima de tudo. Em cima do preço médio final da bomba".

O ex-presidente armou uma "guerra" com os Estados. Ele jogou todo o seu peso político, o assunto chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), houve uma mudança - até positiva da cobrança do imposto de percentual para ad valorem - e acabou zerando os impostos federais, PIS e Cofins.

Continua após a publicidade

Apesar de referendada pelo Congresso, essa redução do PIS e Cofins dos combustíveis foi um desrespeito evidente à Lei Eleitoral. E deixou uma bomba fiscal, que acabou tendo que ser desarmada pelo governo Lula.

A diferença entre Lula e Bolsonaro no caso dos combustíveis está no tratamento da Petrobras. Bolsonaro vivia às turras com a estatal e tentava controlá-la, trocando um presidente atrás do outro. Lula já "manda" na Petrobras, que praticamente congelou seus preços.

A dúvida que fica é: até onde o atual presidente estará disposto a levar a briga com os governadores sobre combustíveis?

Vai continuar jogando a culpa no setor privado?

A alta do ICMS foi de 10 centavos na gasolina e 6 no diesel - não explica todos os reajustes na bomba.

O aumento do preço dos combustíveis está relacionado com a desvalorização do câmbio, com a demanda aquecida e até com a mistura de etanol na gasolina.

Continua após a publicidade

O real se vem se fortalecendo depois que a ameaça protecionista de Donald Trump ficou menos aguda. Declarações mais contidas do presidente ajudariam.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.