Raquel Landim

Raquel Landim

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Planalto: Denúncia contra Bolsonaro dá 'respiro' a Lula e pressiona centrão

O Planalto espera que a denúncia do procurador-geral da República (PGR) Paulo Gonet contra Jair Bolsonaro (PL) traga um "respiro" para o governo, que sofre com a perda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"A artilharia da opinião pública vai se virar contra o bolsonarismo", diz uma fonte.

A percepção é que o avanço do processo que incrimina Bolsonaro por golpe de Estado também coloca pressão sobre os partidos de centro-direita.

Com a queda de Lula nas pesquisas, o centrão está cobrando uma "fatura alta" para permanecer ao lado do governo e pressionando por mais cargos na provável reforma ministerial.

Provas robustas contra Bolsonaro por acusação de golpismo tendem a deixar esses partidos mais desconfortáveis em apoiar o ex-presidente ou candidatos ligados a ele nas eleições presidenciais de 2026.

Outra avaliação que circula no Planalto é que a certeza de que Bolsonaro permanecerá inelegível —e talvez até preso no próximo pleito— tira da "zona de conforto" seus prováveis sucessores políticos, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Nesta terça-feira (18), Tarcísio voltou a negar que cogite tentar a Presidência da República. "Não tenho interesse", afirmou à Folha de S.Paulo após especulações sobre o assunto.

Tiro pela culatra

A oposição enxerga um cenário totalmente diferente no pós-denúncia.

Continua após a publicidade

Na visão de líderes políticos ligados da direita, a denúncia de Gonet é frágil e reforça a tese de perseguição de Bolsonaro, especialmente num momento em que as pessoas estão irritadas com o aumento do preço dos alimentos e com as declarações polêmicas de Lula.

Eles acreditam que trazer de volta a discussão do golpe pode até ajudar a aumentar a participação da população no ato contra o governo marcado para o dia 16 de março.

A oposição insiste que, apesar de inelegível, "Bolsonaro continua sendo o plano A, B e C" para concorrer à Presidência em 2026. E que, se ele realmente não for o candidato, caberá ao ex-presidente escolher seu sucessor.

Em conversa com jornalistas em Brasília, Bolsonaro voltou a sugerir indiretamente sua esposa, Michelle Bolsonaro, como possível candidata ao afirmar que ela tem potencial para derrotar Lula.

Em entrevista à CNN semanas atrás, o ex-presidente disse, no entanto, que ela só concorreria se ele fosse seu ministro da Casa Civil.

O ex-presidente sempre descartou uma candidatura de Michelle à Presidência e pessoas próximas dizem que seu nome favorito é o filho, Flávio Bolsonaro.

Continua após a publicidade

Ao sugerir ser seu chefe da Casa Civil, Bolsonaro estaria dando o recado ao governo e ao Supremo Tribunal Federal (STF) de que ele próprio seria o presidente num eventual governo Michelle.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.