Petrobras perde R$ 10 bi vendendo combustível mais barato que no exterior
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A Petrobras perdeu quase R$ 10 bilhões vendendo gasolina e diesel abaixo dos preços praticados no mercado internacional. A conta é do economista Adriano Pires, do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).
A mudança na política de preços da estatal - com a troca do PPI (Preço de Paridade Internacional) por um cálculo que leva em conta custos locais - foi aprovada no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Esses valores significam perdas de "custo de oportunidade" - um conceito econômico que significa que a Petrobras poderia ter vendido mais caro e não aproveitou.
Pelas contas do CBIE, os valores ficaram negativos em R$ 7,6 bilhões na gasolina e de R$ 2,46 bilhões no diesel.
Esse é um dos fatores que ajuda a explicar a redução de 70% no lucro da Petrobras, que despencou de R$ 124,6 bilhões em 2023, o segundo maior lucro da história, para R$ 36,6 bilhões no ano passado.
As ações da estatal estão em queda de mais de 4,5% nesta quinta-feira (27) após a divulgação dos resultados.
DISCIPLINA DE CAPITAL
O que mais preocupou os analistas, no entanto, foram os investimentos da companhia. A empresa divulgou investimentos de US$ 5,7 bilhões em 2024, 19% acima das estimativas iniciais.
O receio é que a estatal esteja perdendo sua disciplina de capital e voltando a investir em áreas que não dão lucro, como refinarias, estaleiros e fertilizantes.
Isso pode voltar a elevar sua dívida.
Em gestões anteriores do PT, a Petrobras chegou a ser a petroleira mais endividada do mundo.
PAGAMENTOS ANTECIPADOS
Conforme apurou a coluna, a Petrobras está antecipando o pagamento de fornecedores e criando um "boom" de investimentos que correm o risco de não se concretizar.
Fontes internas da empresa revelam que a estatal alterou a política de quitação de fornecedores. Ao invés de pagar por módulos, a empresa agora está pagando linearmente.
Por exemplo: anteriormente, uma área de uma refinaria ou navio só era quitada quando estivesse funcionando, agora a estatal paga conforme a obra avança.
Isso eleva os investimentos no curto prazo, mas também os riscos, porque o empreendimento pode não funcionar lá na frente.
BRIGA POLÍTICA
Uma suposta lentidão nos investimentos era alvo de disputa política entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Teixeira, e o ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
Silveira costumava se queixar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a gestão de Prates não conseguia cumprir as metas de investimentos. Essa insatisfação colaborou com a troca no comando da empresa.
Conforme técnicos da estatal, a mudança no pagamento dos fornecedores leva a nova presidente, Magda Chambriard, a elevar os investimentos contabilmente, mas não significa que as obras estejam mais avançadas.
Procurada, a Petrobras não deu entrevista.
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