Raquel Landim

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Opinião

Inflação alta pressiona Galípolo a subir juro após 'herança' de Campos Neto

Na semana que vem, acontece a nova reunião do Comitê de Politica Monetária (Copom) e a expectativa é de mais uma alta de 1 ponto percentual na taxa básica de juros —que chegaria a 14,25% ao ano.

No encontro de janeiro, o governo, o PT e a esquerda aliviaram a situação de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, e culparam o anterior, Roberto Campos Neto, pelo aumento da Selic. A justificativa política deve se repetir mais uma vez.

Isso ocorre porque o Banco Central começou a subir os juros em dezembro e deixou sinalizado mais duas altas: janeiro e março. É o chamado "foward guidance". A política esquece de propósito que as decisões e sinalizações foram unânimes, ou seja, aprovadas por todos os diretores do BC.

Só que a desculpa vai se esgotar, e não o problema.

A inflação bateu 1,31% em fevereiro, ante uma alta de 0,16% em janeiro - o maior nível em 22 anos. Teve uma influência significativa das tarifas de energia elétrica, que não deve se repetir, mas a situação é preocupante.

No acumulado em 12 meses, a inflação supera os 5%, muito acima dos 3% da meta.

É consenso no mercado que Galípolo não deve escapar de subir os juros para além da reunião da semana que vem, por isso todas as atenções estarão voltadas para o comunicado do Copom.

O que o BC vai sinalizar para as próximas reuniões, quando os políticos não vão mais conseguir colocar a culpa em Campos Neto?

Em entrevistas, Galípolo já deixou claro que participou das decisões anteriores e que fará o que for preciso para colocar a inflação na meta.

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Fontes próximas ao governo garantem, inclusive, que ele disse isso ao próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes de assumir o cargo.

Também é verdade que a situação internacional pode aliviar o trabalho.

Se os Estados Unidos entrarem em recessão, o real se valoriza e não seria tão necessário elevar ainda mais os juros. Mas isso ainda é uma dúvida.

A pressão sobre Galípolo vai aumentar a partir da semana que vem quando a "sombra" de Campos Neto desaparecer completamente.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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