Experiente na política, Galípolo não é nem 'falcão' nem 'pombo' nos juros
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O Comitê de Política Monetária (Copom) foi o mais evasivo possível no rumo da taxa de juros do Brasil, que está no maior patamar desde 2006.
Depois de mais um aumento de 0,5 ponto porcentual para 14,75%, os diretores do BC citaram todos os fatores "altistas" e "baixistas" para a Selic e o resultado é que não dá para prever nada.
Nem que vai ter mais um pequeno ajuste na próxima reunião, nem que a autoridade monetária pode começar a cortar os juros até o final do ano.
No comunicado, tem de tudo: a conjuntura externa, particularmente a política comercial dos Estados Unidos, a conjuntura doméstica, especialmente a política fiscal brasileira.
Explicando melhor:
De um lado, a guerra tarifária de Donald Trump derrubou o preço das commodities e está provocando desinflação no mundo inteiro. Menos, claro, nos Estados Unidos, onde os preços sobem por causa das novas tarifas de importações e o Federal Reserve (Fed) é obrigado a manter os juros no mesmo patamar.
Do outro, o governo brasileiro injeta dinheiro na economia através de medidas como estímulo ao crédito consignado e o reajuste da tabela de IR, o que vai incentivar o consumo a despeito de um mercado de trabalho aquecido.
Ou seja, Trump tira com uma mão e Lula dá com a outra.
Gabriel Galípolo, presidente do BC, aproveitou então a guerra tarifária americana para se livrar da obrigação de sinalizar mais uma alta de juros na próxima reunião a despeito das expectativas de inflação ainda desancoradas.
No entanto, também não se comprometeu a encerrar o ciclo, porque, afinal, vem ano eleitoral por aí e o governo Lula precisa de popularidade.
Experiente no trato com a política desde que era número 2 do ministério da Fazenda, Galípolo não foi nem "hawkish" (falcão), nem "dovish" (pombo).
Para saber os rumos das taxas de juros, melhor aguardar a ata dessa reunião do Copom ou quem sabe até o próximo encontro.
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