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Reinaldo Azevedo

Guedes arregou diante de procurador e juiz, mas jamais de uma doméstica

Olivier Douliery/AFP
Imagem: Olivier Douliery/AFP

Colunista do UOL

14/02/2020 17h10

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Lauro Jardim informa em sua coluna, em O Globo, que, desta feita, Paulo Guedes não vai pedir desculpas, a exemplo do que fez com o funcionalismo, quando chamou a categoria de "parasitas".

Agora, a ordem é deixar como está e esperar passar a onda.

É. Faz sentido. Ao menos segundo certa moral.

Atacar os servidores daquele modo, sem retratação, pode mandar para os ares a reforma administrativa. Mais: como não fez distinção, o doutor acabou atingindo também a elite do funcionalismo, onde estão Ministério Público e Judiciário, por exemplo, que podem, a depender dos desdobramentos, inviabilizar a reforma. E esses foram os setores a reagir com mais dureza. Justamente os mais bem-remunerados e que gozam de benefícios com os quais nem sonha a base da categoria.

Assim, melhor não cutucar as onças com a vara curta e a língua comprida.

Aliás, note-se: quando tentou se explicar, Guedes afirmou que se referia a Estados e municípios quebrados e tal. Pois é... Pode haver nababos por lá também, mas é fato que essas esferas concentram justamente o funcionalismo humilde.

Há nas não-desculpas o toque, mais uma vez, da covardia. São milhões os empregados domésticos. Mas é claro que não se trata de uma categoria organizada nas redes sociais, com poder de pressão, que pode fazer sua voz chegar ao Congresso.

Deve-se avaliar por lá que a reação dura partiu dos "esquerdinhas", do "marxismo cultural", da "patrulha politicamente correta", certo?

As empregadas e os empregados não estariam ligando para isso.

Nesse caso, desculpas para quê?

A coragem contra os fracos é sinônimo de covardia.