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Reinaldo Azevedo

Ilusão do "Bolsonarinho Paz & Amor" dura só um dia e meio. Eu avisei, né?

Ilustração do post em que digo que "Bolsonarinho Paz e Amor" é uma falso. Logo ele voltaria aos costumes. E voltou, é claro! - Blog Reinaldo Azevedo/UOL
Ilustração do post em que digo que "Bolsonarinho Paz e Amor" é uma falso. Logo ele voltaria aos costumes. E voltou, é claro! Imagem: Blog Reinaldo Azevedo/UOL

Colunista do UOL

25/05/2020 08h22

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Jair Bolsonaro confessou na reunião ministerial do dia 22 de abril que suas medidas em favor do armamento têm como horizonte uma reação armada da população contra entes do Estado. O nome disso é guerra civil. Ao insuflar (e participar de) manifestações em favor de um golpe de Estado, é obrigatório concluir que tenta engrossar o caldo de cultura para a luta armada.

Quem está surpreso? Eu não!

Às vezes, a imprensa se deixa sequestrar pelo truque de Bolsonaro e de seu aparato de patrulha — inexiste uma política institucional de comunicação. Por que digo isso? Na quinta-feira, o noticiário online se encheu de títulos e análises apontando um Bolsonaro mais comedido na reunião por videoconferência com os governadores. No dia seguinte, veículos impressos reproduziam essa impressão falsa.

Não aqui. O título de um post publicado na mesma sexta, às 9h16, é o seguinte: "Bolsonarinho paz & amor com governadores é falso; ataque antecedeu reunião". No texto, afirmei: "Será que Bolsonaro se deu conta da gravidade da situação e resolveu moderar o discurso? Não há nenhuma razão para acreditar nisso".

E em que truque caiu boa parte da imprensa? Bolsonaro e alguns de seus ministros, muito especialmente o general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de governo, vivem acusando os jornalistas de má vontade com o presidente.

Assim, quando Bolsonaro se comporta de modo educado e sem atacar a democracia, parece que a nossa obrigação é agradecer. Por quê? É um dever do governante!

Durou pouco, é claro! Naquela mesma sexta, o ministro Celso de Mello, seguindo a lei, divulgou o vídeo da reunião do dia 22 de abril. E olhem que nem foi na íntegra. Os ataques à China foram censurados em nome do interesse nacional. Mello colaborou com o governo na suposição de que as barbaridades ditas lá poderiam prejudicar o país. Dá para imaginar o que se disse.

Na noite de sexta, nos portões do Palácio da Alvorada, viu-se o Bolsonaro de sempre, aos berros, vituperando contra tudo e todos, muito especialmente contra o Supremo, afirmando que não entregaria seu celular caso Mello assim determinasse. Já expliquei o truque. Ao enviar o pedido à Procuradoria-Geral da República, o ministro cumpriu apenas uma obrigação. Bolsonaro e general Augusto Heleno fizeram um escarcéu para tentar intimidar o Supremo.

No sábado, o presidente já havia provocado aglomeração em Brasília ao sair para comer um cachorro quente... Admiradores o cercaram, é verdade, mas houve um forte panelaço de protesto, com gritos de "fascista" e "genocida".