Oferta ilegal de dinheiro já é parte da pré-campanha eleitoral de Moro a 22
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A oferta que fazem a Lava Jato e a 13ª Vara Federal de Curitiba de doar até R$ 508 milhões para o combate à pandemia de coronavírus evidencia, uma vez mais, que não existe fronteira entre a força-tarefa e o juizado. A proposta é de tal sorte absurda que cobra a devida resposta do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público.
Às autoridades, só compete fazer o que prevê a lei. Onde está concedida a autorização para que uma facção do MPF e outra da Justiça disponham de um dinheiro que, atenção!, já está sob a guarda do Estado? Agora esses dois entes se tornaram alocadores de recursos, segundo prioridades que eles mesmos definem? Que patuscada é essa? Sabem o que é isso? Reitero: campanha eleitoral!
Afinal, parte considerável dos recursos que estão sob a custódia da 13ª Vara Federal de Curitiba foi amealhada em razão de sentenças expedidas, em primeira instância, pelo homem, pelo mito (ele também se acha um mito...), pela legenda: Sergio Moro.
Por que só agora? O Brasil não passou por outros momentos de aperto? Não é por falta de carência — e de assistência — que os pobres brasileiros renunciarão à sua condição, não é mesmo? Mas sabem como é... A miséria nossa de cada dia já é mesmo parte da paisagem. Já a pandemia é assunto quente, que mobiliza paixões, especialmente quando se tem um governo federal inepto, com um governante cruel e desastrado.
Então vem a oferta: até R$ 508 milhões!!! Doados por quem? Ora, pela força-tarefa de Curitiba — justamente aquela que resolveu se sublevar contra Augusto Aras. A ideia, obviamente, é empurrar o procurador-geral da República para a fala correta: a doação é ilegal.
E notem: com a provável exceção do Ministério Público que atua no Tribunal de Contas da União, não haverá um só procurador que vai se atrever a fazer a coisa certa: propor que se investigue imediatamente essa excrescência.
O que se pretende é criar a oposição entre a generosidade da força-tarefa e da 13ª Vara — que atuam como se o dinheiro lhes pertencesse — e o governo federal, que está impedido, por óbvio, de usar tais recursos sem incorrer em improbidade administrativa. Pergunta ainda mais fascinante: que instrumento legal seria usado para operar essa doação? Inexiste.
Não importa! Isso é parte da campanha da Lava Jato para tentar sair das cordas. E, de quebra, opõe a "turma de Moro" à "turma de Bolsonaro", que, então, estaria recusando uma generosidade daqueles bravos cavaleiros.
O jogo é descarado e vergonhoso. Mas uma vez, usam-se milhares de mortos para fazer política vil e mesquinha.