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Reinaldo Azevedo

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Datafolha: Lula poderia vencer no primeiro turno se eleição fosse hoje

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Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

09/07/2021 17h05

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Bem, o que a pesquisa Datafolha traz de mais relevante, vamos convir, é o fato de que, se a disputa fosse hoje, nos cenários testados, o petista Luiz Inácio Lula da Silva poderia vencer no primeiro turno, com algo em torno de 52% dos votos válidos. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, o valor encontrado está dentro da dita-cuja. Mas seria, sim, a hipótese mais provável.

O que há contra ela? O fato de que a eleição não é hoje e de que, definidos mesmo como candidatos, há apenas dois nomes: Lula e Jair Bolsonaro — caso, claro, este chegue até lá. Se depender de sua vontade, nós é que não chegaremos. Entenda-se o "nós": os defensores da democracia e das regras do jogo.

Bolsonaro está em plena articulação para liderar um golpe de Estado. É pouco provável que consiga. Mas não será por falta de esforço. Se depender, por exemplo, do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior, talvez não tenhamos eleições em nome da democracia... Essa gente está reduzindo o país a uma republiqueta de bananas. Mas voltemos às eleições.

O Datafolha testou dois cenários de primeiro turno, com os seguintes números:
Lula (PT): 46%
Bolsonaro (sem partido): 25%
Ciro Gomes (PDT): 8%
João Doria (PSDB): 5%
Luiz Henrique Mandetta (DEM): 4%
Brancos/Nulos: 10%
Não sabem: 2%

No segundo cenário:
Lula: 46%
Bolsonaro: 25%
Ciro Gomes: 9%
Mandetta: 4%
Eduardo Leite (PSDB): 3%
Brancos/Nulos: 10%
Não sabem: 2%

Como se nota, Lula soma mais de 50% dos votos válidos. Relevados os arredondamentos, chega a 52% dos válidos. Mas, reitere-se, está dentro da margem de erro. A eleição não é agora nem se sabe quais serão os candidatos. Uma coisa é certa: o dado revela o estágio da deterioração da reputação de Bolsonaro. Afinal, a pesquisa aponta também que a maioria dos brasileiros o considera desonesto, incompetente, despreparado, pouco inteligente, falso, autoritário e indeciso.

SEGUNDO TURNO
No segundo turno, dois aspectos a relevar: o petista dá uma surra eleitoral no atual presidente, que perderia por 58% a 31%.

Doria e Ciro, hoje, estariam em situação confortável se fossem enfrentar Bolsonaro no segundo turno: o primeiro venceria por 46% a 35%. Em maio, estavam empatados: 40% a 39%. Também o pedetista venceria o atual mandatário: 50% a 34%.

A questão está em passar pelo crivo do primeiro turno. De qualquer modo, se acontecesse, viria uma pedreira pela frente no segundo. O governador de São Paulo, na simulação de agora, perderia para o petista por 56% a 22%.

Sabem por que Bolsonaro anda a ameaçar o processo eleitoral? Por dois motivos:
a: porque discorda do eleitor;
b: porque achou que a vitória lhe daria um cargo vitalício.

Afinal, não se candidatou a presidente em 2018, mas a ditador perpétuo.

Não passará.