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Reinaldo Azevedo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

CNT-MDA 2 - Bolsonaro é 2º mais rejeitado, mas em queda. Voto útil e 3ª via

Reprodução/CNT-MDA
Imagem: Reprodução/CNT-MDA

Colunista do UOL

10/05/2022 11h51

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A pesquisa CNT-MDA também avaliou o potencial de voto dos postulantes vis-à-vis a rejeição. Entre, digamos, os nomões da política, o presidente Jair Bolsonaro (PL) é o segundo mais rejeitado, liderança indesejada que, nesse levantamento, está com João Dória (PSDB). Dizem que não votariam de jeito nenhum no presidente 53,9% dos entrevistados; no tucano, 68%. No mês passado, esses números eram, respectivamente, 55,4% e 66,5%. Bolsonaro pode alegar que sua situação já foi bem pior: era repudiado por 61,8% há dez meses.

Na sequência, vem Ciro Gomes, com 48,2%, seguido por Lula (PT), com 44,1%. Este repete o mesmo número de julho do ano passado: 44,5%. A rejeição a Simone Tebet (MDB) é menor: 37,5%, mas 48,5% não a conhecem.

O levantamento também indaga os eleitores sobre os candidatos em que votam com certeza ou em que poderiam votar, o que mede o potencial de cada um.

Dizem que votariam com certeza no petista 35% dos entrevistados — em dezembro, chegavam a 40%, mas esse índice repete julho do ano passado (35,4%). Poderiam votar nele 18,6% (19,2% em fevereiro). Vale dizer: Lula tem um potencial de voto de 53,6% para uma rejeição de 44,1%. O saldo é positivo.

O de Bolsonaro é negativo: votam nele com certeza 28,2% — eram 22,8% há dez meses. Poderiam fazer essa escolha 15,4%, o que soma 42,6%. Seu saldo é negativo, mas a sua situação já foi bem pior. O seu fundo no poço nesse levantamento se deu em julho do ano passado: 61,8% não o escolheriam de jeito nenhum. Só 22,8% diziam votar nele com certeza, e 11,6% poderiam fazê-lo.

Ciro é o candidato com o maior índice de "poderia votar": nada menos de 39,5%, mas só 4,3% dizem que o fariam com certeza. O que isso quer dizer? Talvez parte do eleitorado o escolhesse não tivesse Lula como a sua primeira opção. É boa e má notícia para o pedetista: é identificado como um antibolsonarista, mas não, até agora ao menos, como o principal nome da peleja.

A situação de Doria (PSDB), nessa pesquisa, é muito difícil: apenas 1,5% dos ouvidos dizem que votariam com certeza nele, e outros 19% poderiam fazê-lo. Tebet fica em pior situação: 1,2% e 10,4%, respectivamente. Pode alegar que 48,5% não sabem quem é ela. A questão é saber se uma campanha é a melhor hora apara apresentações.

PODEM MUDAR?
Se a pesquisa captou mesmo o sentimento do eleitor, uma terceira via não se cria com facilidade: 78.1% dos que votam em Lula dizem que sua opção é definitiva, contra 21,9% que ainda admitem mudar. No caso dos de Bolsoanro, esses índices são, respectivamente, de 82,1% e 17,9%. Não mudariam 51% dos que ficam com Ciro, mas 49% admitem a troca. Entre os que votam em Doria, 34,9% e 65,1%. Reitere-se: esses dados se referem ao eleitorado de cada candidato.

Dizem que essa disputa será mais polarizada do que as anteriores 45,7% dos ouvidos. Para 11,6%, será menos, e 34.2% dizem que tudo segue na mesma. Para 41%, a tal "polarização" é prejudicial para o país (41%). Consideram-na positiva 28,9%.

VOTO ÚTIL
Os que não são nem Lula nem Bolsonaro querem um sopro de esperança? Vejam aqui: 32,3% dizem que seria "importante" um nome alternativo -- a tal "terceira via" --, e 30,6% a veem como muito importante. Convenham: a soma é gigantesca, não? Resta saber por que, apresentados os nomes, ninguém emplaca.

CUIDADO, BOLSONARO!
Será que o eleitor poderia mudar de voto para garantir um determinado resultado no primeiro turno? 70.5% dizem que não, mas 22,7%, que sim, número gigantesco se querem saber. Atenção! No grupo desses 22,7%, eis por que as pessoas fariam voto útil:
- 28,4%: facilitar a idade um nome alternativo ao segundo turno (nem Lula nem Bolsonaro);
- 25,7%: Dificultar vitória de Bolsonaro no 1º turno;
- 21,5%: facilitar a vitória de Lula no 1º turno;
- 13,4%: facilitar a vitória de Bolsonaro no 1º turno;
- 07,5%: dificultar uma vitória de Lula no 1º turno.

Os números indicam que uma terceira via ainda seria possível e que uma campanha em favor do voto útil encontraria eco em parte do eleitorado. Na prática, no entanto, o nome alternativo não emplaca, e as chances de uma solução já no primeiro turno parece cada vez mais distante.