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Reinaldo Azevedo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

SP: Haddad lidera e hoje venceria, mas indefinição é maior do que no país

Genial-Quaest
Imagem: Genial-Quaest

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Fernando Haddad lidera a disputa pelo governo de São Paulo, segundo a pesquisa Genial-Quaest divulgada nesta quinta. Nos três cenários em que seu nome é testado, o pré-candidato do PT aparece, respectivamente, com 30%, 37% e 39% das intenções de voto. Na simulação em que disputa com o petista, Márcio França (PSB) vem bem atrás: 17%. O dado negativo para o ex-prefeito da capital é a rejeição. Por outro lado, ele bateria todos os adversários no segundo turno.

Numa simulação com 10 candidatos, Haddad marca 30%; França, 17%; Tarcísio de Freitas (Republicanos), 10%, e Rodrigo Garcia (PSDB), 5%. Há um batalhão de seis nomes com 1% cada: Felício Ramuth (PSD), Elvis Cezar (PDT), Vinicius Poit (Novo), Gabriel Colombo (PCB), Altino Junior (PSTU) e Abraham Weintraub (PMB). Os indecisos ainda são 14%, e chegam a 19% os que votariam nulo ou em branco ou que afirmam que não pretendem votar. Vou chamar o grupo de "BNNV". Isso indica que ainda é baixo engajamento do eleitorado nessa disputa.

Num segundo cenário, sem Márcio França e alguns candidatos nanicos, Haddad vai a 37%, seguindo por Tarcísio (12%), Garcia (8%), Ramuth (2%) e Poit (2%). Esse mesmo grupo foi testado em abril: Haddad tinha 31% — logo, cresceu seis pontos. O tucano avançou dois, e o ex-ministro de Bolsonaro ficou na mesma. Os indecisos seriam 13%, e os BNNV chegariam a 26%. Numa simulação com apenas três candidatos, o petista bate em 39%; Tarcísio vai a 14%, e Garcia ficaria com 9%. Os BNNV alcançariam 25%, e os indecisos, 13%, A pesquisa também testa um cenário sem Haddad. França lideraria, mas com 29% apenas, seguido de Tarcísio (12%), Garcia (9%), Poit (3%) e Ramuth (2%). Aí chegariam a 30% os que não vão querer saber de nome nenhum. E 15% ficariam indecisos.

SEGUNDO TURNO
A pesquisa apresenta seis cenários de segundo turno, já testados no mês passado. Entre parênteses, os números de abril:
1: Haddad 38% X 32% França (38% a 33%)
2: Haddad 45% X 23% Tarcísio (42% a 23%)
3: Haddad 44% X 21% Garcia (41% X 25%)
4: França 42% X 20% Tarcísio (38% X 24%)
5: França 41% X 18% Garcia (44% a 15%)
6 Tarcísio 23% X 23% Gracia (29% a 18%)

Em todos os cenários, é grande o número de indecisos e de pessoas que ainda não se sentem representadas por ninguém.

REJEIÇÃO E POTENCIAL
PT e PSB ainda conversam num esforço para uma candidatura única. Petistas insistem em que Haddad teria, hoje, mais votos do que França, o que é fato -- o petista, diga-se, venceria o peessebista num eventual segundo turno. Os partidários do ex-governador preferem olhar a rejeição e o grau de conhecimento.

Dizem que conhecem o ex-prefeito e que não votariam nele 50% dos entrevistados (53% em abril). Afirmam que o escolheriam com certeza 14%, e 21% poderiam fazê-lo. Só 11% não sabem quem é ele.

França é rejeitado por 31% (antes, 37%), e 6% o escolheriam com certeza, chegando a 24% os que consideram essa possibilidade. Dizem não conhecer o ex-governador 36%, um número relativamente alto.

O agora governador Rodrigo Garcia tem uma rejeição baixa: 17% (22% na pesquisa anterior). Ocorre que 73% não sabem quem ele é. Só 2% votariam com certeza, e 7% considerariam fazê-lo.

Tarcísio, o carioca que Bolsonaro escalou para disputar a eleição em São Paulo, é rejeitado por poucos: 14% — e esse número era de 27%! Não é só apego, mas também desconhecimento: 72% não têm ideia de quem é ele. Votam com certeza 7%, e outros 6% flertam com essa possibilidade.

Esses números tornam temerário qualquer prognóstico sobre a eleição em São Paulo. E são muitos os fatores.

OS APOIOS
A pesquisa indaga em quem votarão os eleitores explicitando-se os apoiadores dos pré-candidatos. Quando o nome de Haddad é associado ao de Lula, ele chega a 39% -- no mês passado, 41%. Tarcísio de Freitas, com pontuação modesta, salta para 28% quando associado a Bolsonaro (27% em abril). Garcia marca 10% (antes, 9%) quando ligado Doria.

É evidente que Haddad e os petistas têm motivos para comemorar o desempenho na pesquisa, mas convém tomar cuidado com alguns dados que aparecem nas dobras do levantamento -- além, é claro!, da rejeição:
- o tucano Garcia tem a máquina do governo na mão num Estado em que o PSDB é forte; como mais de 70% não sabem quem é ele, o potencial de crescimento é óbvio;
- Tarcísio chega a 14% no primeiro turno (10% no cenário congestionado), mas alcança 28% quando associado a Bolsonaro. Também ele é pouco conhecido.

NACIONALIZAÇÃO
É claro que a campanha no maior colégio eleitoral do país será nacionalizada. A pesquisa indaga em que votarão os paulistas na disputa presidencial. Lula marca 39%, mesmo índice do mês passado. Bolsonaro cresceu de 25% para 28%. Os outros candidatos somam 16%.

Lula bate Bolsonaro por 45% a 21% entre os que recebem até dois salários mínimos e por 40% a 27% entre os que ganham de dois a cinco. No primeiro grupo, Haddad tem 28% das intenções de voto, e o também lulista Márcio França fica com 16%. No segundo grupo, o pré-candidato petista ao governo obtém 30%, e França, 17%. Haddad lidera no Estado entre os que recebem mais de cinco: 31% — quase o mesmo índice de Lula no Estado: 35%.

É evidente que lulistas e bolsonaristras travarão uma batalha em São Paulo também pelo governo do Estado, mas com uma diferença: à diferença da disputa nacional, existem pelos quatro nomes com potencial para chegar ao segundo turno.

O quadro eleitoral no Estado é muito mais indefinido do que o nacional.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Por um erro, o cenário 5 de segundo turno aparecia com o nome de Márcio França duas vezes. O correto é: França 41% X 18% Garcia. O texto foi corrigido.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL