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Reinaldo Azevedo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ipec: Veja por que resultado é excelente para Lula e péssimo para Bolsonaro

Reprodução/Ipec-TV Globo
Imagem: Reprodução/Ipec-TV Globo

Colunista do UOL

16/08/2022 05h30

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O resultado da pesquisa Ipec é excelente para Lula (PT) e muito ruim, tendendo a péssimo, para Jair Bolsonaro (PL). Vamos a alguns dados do primeiro turno que devem ser levados em conta.

1 - se a eleição fosse hoje, seria grande a chance de o petista vencer na primeira e, então, única etapa. Tem 44% dos votos, contra 41% de seus adversários somados: Jair Bolsonaro (PL), 32%; Ciro Gomes (PDT), 6%; Simone Tebet (MDB), 2%, e Vera Lúcia (PSTU), 1%. Os demais não pontuaram. O ex-presidente conta com 52% dos votos válidos.

2 - O levantamento é feito depois da queda do preço dos combustíveis e do início do pagamento dos chamados benefícios sociais; mesmo assim, a diferença entre Lula e Bolsonaro segue grande: 12 pontos.

3 - Lula também se beneficia do naniquismo eleitoral dos demais candidatos, o que mantém a possibilidade de vitória no primeiro turno.

4 - Enquanto permanecer a chance de levar a disputa de cara, há risco real de a candidatura de Ciro Gomes se desidratar.

5 - Note-se, assim, que a pesquisa é muito ruim também para o candidato do PDT, empacado nos 6%, e para Simone Tebet (MDB), com 2%.

SEGUNDO TURNO
Vistos os números do segundo turno, a situação de Lula é ainda mais confortável, e não apenas porque a diferença é maior: 16 pontos.

1: Lula ganha sete pontos: de 44% para 51%; Bolsonaro, apenas três: de 32% para 35%. Por enquanto, a candidatura do atual presidente é menos elástica do que a do ex.

2: Menos de um terço do eleitorado considera o governo de Bolsonaro "bom/ótimo": só 29%. Para 46%, é "ruim/péssimo". É um número hostil para quem anseia à reeleição.

3: A rejeição ao modo como Bolsonaro governa continua muito elevada: quase 60% (57%) desaprovam a maneira como conduz a gestão. Apenas 37% aprovam, número muito próximo dos 35% que escolheriam o atual presidente em vez do ex num eventual segundo turno.

Os bolsonaristas certamente tentarão plantar na imprensa que estão muito satisfeitos porque o confronto mal começou. A verdade é que a campanha já está quentíssima nas redes sociais. No dia 26 de agosto, começa o horário eleitoral no rádio e na televisão.

Erros e acertos na estratégia poderão fazer a diferença. Convém notar, no entanto, que o governo não falará sozinho. O PT também terá um instrumento importante, de que não dispõe hoje, para enfrentar a máquina de desinformação de Bolsonaro.

REJEIÇÃO
Nas redes sociais e nas manifestações púlpitos afora, Bolsonaro parece mais empenhado em falar mal de Lula do que bem de si mesmo. As acusações que, em 2018, se dirigiam genericamente às esquerdas -- o complô comunista -- agora são personalizadas e têm o ex-presidente como alvo.

A estarem certos os números do Ipec — e cada instituto tem seu próprio modo de medir rejeição —, a coisa não está surtindo efeito. Dizem que não votarão em Lula de jeito nenhum 33% dos entrevistados, número que praticamente coincide com o dos que escolhem Bolsonaro: 32%. Já o atual presidente é rejeitado por 43%, quase o mesmo dos que escolhem o petista no primeiro turno: 44%.

Assim, nota-se que há uma coerência espelhada para o "sim" e para o "não" no que respeita aos dois líderes. Os dados estão a sugerir que o caminho escolhido, até agora, pode não ser o mais eficaz. A campanha começa oficialmente hoje. A pregação virulenta contra o Lula, levada a efeito pelo bolsonarismo nas redes sociais, parece fazer mais sucesso entre os já convertidos.

ELEIÇÃO DEFINIDA?
A eleição está definida? Não. Mas é certo que o comando da campanha de Bolsonaro não esperava chegar à metade de agosto com a possibilidade de Lula vencer a disputa no primeiro turno.

E isso seria hoje o mais provável. De resto, insista-se: assim são os números mesmo com os dois golpes já dados pelo governo: as PECs inconstitucionais do ICMS e dos benefícios sociais.

Não fosse a barbárie legal, Bolsonaro já teria enfiado a viola no saco. O que seria uma bênção para a democracia e para o estado de direito.