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Rogério Gentile

REPORTAGEM

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'Gatinha da Cracolândia' diz não integrar facção e pede redução da pena

Gatinha da Cracolândia l Lorraine Cutier Bauer Romeiro - Reprodução/Instagram
Gatinha da Cracolândia l Lorraine Cutier Bauer Romeiro Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

28/04/2022 11h10

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Condenada a cinco anos de prisão por tráfico de drogas, a influenciadora digital Lorraine Cutier Bauer Romeiro, de 19 anos, entrou com recurso na Justiça paulista pedindo a redução da sua pena e a substituição por uma punição alternativa.

Pena alternativa é uma sanção judicial que pode ser adotada para crimes de menor gravidade. Para se evitar o encarceramento, é possível aplicar penas como a prestação de serviços à comunidade, limitação de finais de semana, pagamento de um determinado valor etc.

A jovem, que ficou conhecida como a "Gatinha da Cracolândia", disse à Justiça não integrar organização criminosa e declarou que a quantidade de drogas que ela foi acusada de carregar é "inexpressiva".

"A quantidade de entorpecente apreendida é inexpressiva, demonstrando que Lorraine não é parte funcional de um esquema complexo de traficância e não integra organização criminosa", afirmou a defesa da jovem no recurso apresentado à Justiça.

A garota foi presa no dia 30 de junho do ano passado na região da Cracolândia, em São Paulo. A polícia disse que ela portava 10 porções de cocaína (4,9 gramas), seis de maconha (9,9 gramas) e 10 pedras de crack.

A influenciadora digital, que tinha à época da prisão mais de 30 mil seguidores nas redes sociais, negou a acusação à Justiça. Afirmou ser consumidora de maconha e que estava acompanhando seu namorado na Cracolândia. Mas declarou que não estava portando drogas quando foi abordada pelos policiais.

Na sentença em que condenou a jovem, o juiz Fernando Conceição rejeitou a versão de Lorraine. O magistrado declarou também que, embora ela fosse ré primária, não merecia a diminuição da pena prevista em lei pois, dias depois da primeira prisão, ela foi novamente detida, tendo sido acusada de guardar uma grande quantidade de drogas em um prédio invadido na Cracolândia.

No recurso apresentado ao Tribunal de Justiça, a defesa de Lorraine disse que o juiz cometeu um "equívoco" ao mencionar essa segunda prisão, argumentando que jovem foi absolvida da acusação.

"O juízo utilizou o andamento do outro processo para prejudicar Lorraine, sem considerar, contudo, que naqueles autos ela foi acertadamente absolvida", afirmou a defesa. Neste outro processo, a jovem acusou a polícia de ter forjado um flagrante, apreendendo drogas que não lhe pertenciam.

Além da diminuição da pena de prisão, com a substituição por uma pena alternativa, Lorraine pediu também a diminuição da multa de R$ 50 mil que lhe foi aplicada pelo magistrado. "Não estamos diante de uma família rica ou de uma sentenciada que tem boa situação financeira. A multa de R$ 50 mil é aviltante".

O Tribunal de Justiça ainda não analisou o recurso.

O Ministério Público disse ser contrário à redução da pena.

"O único regime cabível ao delito em questão é o fechado, posto que se trata de delito gravíssimo, equiparado aos hediondos e que está na origem de inúmeras mazelas que assolam a nossa sociedade, merecendo total rigor na sua repressão", afirmou à Justiça o promotor Alexandre Pereira.