Hospital é condenado por demitir enfermeira acusada de expor Klara Castanho

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A Justiça do Trabalho decidiu que a Rede D'Or São Luiz não tinha motivos para demitir por justa causa a enfermeira acusada de expor a atriz Klara Castanho.
Em 2022, a atriz foi alvo de uma publicação segundo a qual ela havia tido um filho e colocado o bebê para adoção. Atacada nas redes sociais, a atriz revelou por meio de uma carta aberta que havia sido vítima de um estupro.
Klara processou o hospital acusando-o pelo vazamento os dados. A Rede D'Or, que foi condenada a indenizar a atriz, demitiu a enfermeira por justa causa após uma investigação policial concluir que ela havia fotografado o prontuário médico e o enviado ao marido.
Inconformada com a demissão, a enfermeira acionou a Rede D'Or afirmando que a justa causa fora ilegal, pois não era responsável pelo vazamento da informação para a imprensa.
Declarou que muitas pessoas no hospital participaram do procedimento e que jamais admitiria qualquer vazamento. Disse ainda que sequer tinha conhecimento de que a paciente [Klara Castanho] era uma atriz famosa.
O juiz Márcio Almeida de Moura, em decisão de dezembro do ano passado, deu razão à enfermeira.
Justiça não vê provas de que enfermeira vazou informações
Ele afirmou na sentença que não existem provas de que a enfermeira (ou o seu marido) tenha encaminhado o prontuário para a imprensa. Disse que a mensagem achada em seu celular, por meio da qual encaminhou o prontuário da atriz para ao marido, é posterior à divulgação do caso na mídia.
"Apesar de alguns indícios indiretos, resta certo de que nenhuma prova foi produzida no procedimento criminal que demonstre a efetiva divulgação do procedimento envolvendo a paciente, e mais remotamente, qualquer elemento que comprove que disso resultou a divulgação em portais de notícias", afirmou o juiz na decisão.
O magistrado citou ainda na sentença que, por conta da falta de provas, o Ministério Público arquivou o inquérito sem denunciar a enfermeira. Ressaltou ainda que uma outra profissional do hospital (uma técnica em enfermagem) também havia compartilhado informações com o namorado no dia dos fatos.
O juiz determinou que a demissão por justa causa seja revertida para dispensa imotivada e condenou o hospital a pagar à enfermeira todos os direitos correspondentes (aviso prévio, férias proporcionais, multa do FGTS etc.).
A Rede D'Or, que ainda pode recorrer da decisão, afirmou à Justiça que a "investigação policial constatou de forma categórica a quebra do sigilo profissional e infração ética cometida" pela enfermeira.
Disse que, após perícias realizadas nos celulares dela e do marido, "foi possível observar a foto do prontuário da paciente encontrada na galeria do dispositivo, além de uma conversa entre ela e seu companheiro sobre o objeto da investigação".
O relatório policial, citado no processo, apontou que o marido da enfermeira demonstrou interesse em vender as informações para jornalistas. O documento afirma que as ações das profissionais do hospital citadas na investigação foram "cruéis e desumanas" e que elas violaram a confiança da paciente e do hospital.
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