Rogério Gentile

Rogério Gentile

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Médico cassado, Dr. Bumbum processa antigos pacientes e cobra 'honorários'

Cassado pelo Conselho Federal de Medicina, Denis Cesar Barros Furtado, o Dr. Bumbum, entrou na Justiça contra antigos pacientes em ações nas quais cobra o pagamento de honorários.

Dr. Bumbum ficou nacionalmente conhecido em 2018, quando foi preso preventivamente no Rio de Janeiro após a morte de uma paciente, a bancária Lilian Calixto.

Lilian, segundo denúncia feita pelo Ministério Público, havia se submetido no dia 14 de julho de 2018 a um procedimento estético chamado bioplastia de glúteos, no qual o Dr. Bumbum teria aplicando-lhe uma substância química em quantidade acima do recomendado e em local impróprio: o procedimento teria sido realizado no apartamento do médico. Ele também, sempre segundo a acusação, não teria título de especialização em cirurgia plástica.

A paciente morreu no dia seguinte.

Defesa quer que Dr. Bumbum seja totalmente absolvido

A ação até hoje não foi finalizada, mas a Justiça do Rio de Janeiro não aceitou a acusação inicial do Ministério Público de homicídio doloso (com intenção de matar), e o processo deverá ser julgado por lesão corporal seguida de morte.

A defesa do médico pede a absolvição sumária do Dr. Bumbum.

Afirma que ele realizou uma conduta médica regulamentada com a utilização de produtos registrados no órgão competente e dentro das indicações e limites técnicos estabelecidos. Afirmou ainda que ele atuava de forma regular, e que não necessitava de especialização em cirurgia plástica, podendo praticar e exercer à época as mais amplas áreas da medicina.

Embora a Justiça ainda não tenha concluído a ação penal, o Conselho Federal de Medicina cassou o seu registro médico em dois processos administrativos julgados em 2021 e 2022 nos quais o Dr. Bumbum foi acusado de ferir o Código de Ética Médica.

Continua após a publicidade

Entre as infrações apontadas estão "praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela legislação vigente no país" e "divulgar informação sobre assunto médico de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico".

Ele disse à Justiça sofrer perseguição por parte do conselho médico, que o teria condenado sem provas.

Apesar de ter seu registro cassado, o Dr. Bumbum resolveu entrar na Justiça contra antigos pacientes alegando que eles não lhe pagaram pelos serviços prestados.

Um dos alvos é a família de uma paciente já falecida, que, segundo ele, teria realizado um tratamento de harmonização facial e terapia ortomolecular mediante um contrato assinado em 14 de julho de 2018, um dia antes da morte de Lilian Calixto. Ela teria lhe pago uma parte do procedimento, mas não depositou a segunda parcela, devendo-lhe, em valores atualizados, cerca de R$ 27.800.

A família da paciente afirmou à Justiça do Rio que, se houve a contratação para a prestação do serviço médico, o tratamento nunca foi realizado "por absoluta indisponibilidade de tempo para a sua realização", citando que o documento apresentado pelo médico na ação de cobrança tem a mesma data do procedimento que resultou na morte de Lilian.

Outra ação de cobrança ao qual a coluna teve acesso foi aberta pelo Dr. Bumbum na Justiça do Distrito Federal contra uma antiga paciente ao qual teria sido feita a colocação de fios faciais de PDO.

Continua após a publicidade

Ele disse no processo que a paciente lhe deve R$ 11.566,15.

Na defesa apresentada à Justiça, a paciente disse que, ao saber da prisão, do Dr. Bumbum, sentiu-se "profundamente enganada, confusa e com medo".

"O objeto da transação era a prestação de serviços estéticos, operados por médico devidamente especializado, mediante pagamento. No entanto, ele não tinha a especialização necessária para executar os serviços que ofertou", afirmou a defesa da paciente à Justiça.

"A paciente não tinha conhecimento que o Dr. Bumbum não poderia executar os procedimentos contratados. Se soubesse, não teria sequer o procurado, quanto mais assinado o contrato", afirmou no processo.

As ações ainda não foram julgadas.

Em vídeo divulgado à época da morte de Lilian Calixto, o Dr. Bumbum disse que houve uma fatalidade.

Continua após a publicidade

"Como todo mundo sabe, aconteceu uma fatalidade. Mas uma fatalidade que acontece com qualquer médico", disse. "É um mistério a causa da morte. Mas é uma injustiça o que estão falando de mim na televisão."

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.