Rogério Gentile

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Reportagem

Gottino é condenado a pagar R$ 40 mil por chamar mulher de 'ladra'

O apresentador Reinaldo Gottino, da Record, foi condenado em segunda instância a pagar uma indenização por danos morais de R$ 40 mil a uma mulher que foi chamada na TV de "ladra".

Gottino, que atualmente comanda o programa "Cidade Alerta", apresentava à época o "Balanço Geral".

Em fevereiro do ano passado, a emissora noticiou que um homem havia perdido R$ 8.000 em um golpe ao vender uma moto elétrica pela internet. Conforme a reportagem, a mulher havia fingido que ia comprar o veículo, fez o teste do equipamento e fugiu sem pagar.

A TV exibiu a imagem da mulher, que é motorista de aplicativo, e o apresentador, segundo o processo, disse: "Aí está o truque, ela disfarça bem! Quem é a ladra?"

A motorista, no entanto, provou que havia pagado R$ 3.000 pela compra da moto elétrica a um intermediário que havia anunciado a venda na internet. Essa pessoa, segundo o processo, não teria repassado os valores ao dono do equipamento.

Na ação, a mulher afirma que, após a divulgação da reportagem, teve de sair de casa, em razão da repercussão do caso junto aos vizinhos, e convive com o medo de ser reconhecida por algum passageiro.

"Se houvesse um mínimo de apuração, tal reportagem talvez não fosse ao ar, porém a necessidade de criar um sensacionalismo é maior do que a verdade", afirmaram à Justiça os advogados Fábio Feitosa e Rodrigo Jollenbeck, que a representam.

Além de Gottino, a Record e o comentarista Renato Lombardi - que disse: "não tenho dúvidas de que ela faz parte de uma quadrilha de estelionatários" -, também foram condenados na ação e devem pagar a indenização conjuntamente.

"O apresentador e o comentarista da Record exorbitaram do seu direito de informar, violando a honra da autora do processo", afirmou na decisão o desembargador Corrêa Patiño, relator do caso no Tribunal de Justiça de São Paulo.

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"O dano moral decorre do teor da reportagem, que induz o espectador a crer que a motorista furtou uma motocicleta, o que não condiz com a realidade, haja vista que, ao que tudo indica, ela e o vendedor foram vítimas de golpe por parte de terceiro", declarou.

Gottino, Lombardi e a Record ainda podem recorrer. Na defesa apresentada à Justiça, eles afirmaram que não houve "qualquer imputação de crime à motorista", ressaltando que o nome da mulher não foi citado na reportagem.

Segundo a defesa, a reportagem se limitou a narrar os fatos conforme a investigação policial e o relato feito pelo dono do veículo. "Não houve qualquer imputação maldosa ou ardilosa, mas simples divulgação de informações obtidas de fontes fidedignas."

"A motorista está tentando de alguma forma obter vantagens com o ocorrido", disse a defesa na ação.

Reportagem

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