Processado por 'feijão mágico', Valdemiro diz que não vendeu cura da covid

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O apóstolo Valdemiro Santiago, fundador da Igreja Mundial, disse à Justiça que em nenhum momento induziu os fiéis a comprarem sementes de feijão com a promessa "inequívoca" de cura da covid-19.
A declaração foi dada em um processo no qual o Ministério Público Federal acusa Valdemiro de ter, em um "momento de grande aflição" por conta da pandemia do coronavírus, abusado da prática religiosa. A denúncia ainda ressalta que ele divulgou a enganosa informação de que o plantio das tais sementes ajudaria a enfrentar a crise da saúde pública, curando a doença mesmo em casos graves.
Na ação, os procuradores Pedro Machado e Lisiane Braecher pedem que Valdemiro e a Igreja Mundial sejam condenados a devolver os valores cobrados dos fiéis "lesados", bem como paguem uma indenização por danos morais coletivos de R$ 300 mil.
A acusação cita que, em um vídeo divulgado no YouTube em 2020, Valdemiro falou do benefício da cura e pediu propósitos (pagamentos) de R$ 1.000 pelas sementes de feijão, que estariam sendo comercializadas pelo serviço de telemarketing da Igreja.
Na defesa apresentada à Justiça no final de abril, o apóstolo disse que os vídeos que circularam na internet foram editados com cortes que intencionalmente tentam passar uma imagem equivocada, deturpando o que ele disse. Segundo ele, ao falar das sementes, somente citava a metáfora da "semeadura", um "conceito que é tradicionalmente empregado na doutrina religiosa pentecostal".
"Houve uma alusão a uma passagem bíblica", afirmou o líder religioso na defesa apresentada à Justiça. "A fé é o motor de tudo, não a aquisição do feijão".
Os advogados do apóstolo disseram à Justiça que "não houve indução ardilosa ao erro, tampouco qualquer afirmação categórica de eficácia quanto a cura da covid-19". "A simbologia utilizada encontra-se plenamente protegida pela Constituição Federal."
Eles afirmaram que o Ministério Público Federal não apresentou no processo nenhum indício de vantagem ilícita ou promessa fraudulenta de cura, assim como não apontou nenhuma vítima.
Valdemiro cita por fim que um inquérito criminal foi arquivado pela Justiça paulista, tratando dos mesmos fatos, por concluir que não houve o cometimento de nenhum crime.
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