Cupertino quer júri com porta fechada, sem foto e informações à imprensa

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Acusado de matar o ator Rafael Miguel, 22, e seus pais em 2019, o comerciante Paulo Cupertino Matias será julgado na semana que vem, no dia 29 de maio.
Cupertino, que é pai da namorada de Miguel, pediu à Justiça que a imprensa seja proibida de captar e veicular suas imagens, bem como seja vedada a divulgação de informações aos jornalistas, "ressalvadas as informações estritamente oficiais".
Em petição enviada à Justiça ontem, os advogados do comerciante disseram que o caso tem gerado intensa repercussão nos meios de comunicação, e que "o réu é alvo constante de matérias jornalísticas e conteúdo em redes sociais, com veiculação ostensiva de sua imagem, em contexto acusatório e por vezes sensacionalista, antes mesmo da sentença definitiva".
Os advogados dizem que a divulgação da imagem de Cupertino tem gerado danos a sua honra e privacidade, e que tal situação pode gerar um "prejulgamento da sociedade, impactando negativamente a percepção do corpo de jurados".
No documento, eles pedem que, "caso se mantenha o risco de influência indevida sobre os jurados", o julgamento seja realizado com as portas fechadas, sem a presença do público e da imprensa.
Eles querem ainda que o réu possa comparecer à audiência em trajes civis, sem roupas que o identifiquem como preso, e sem algemas.
A Justiça ainda não deliberou sobre os pedidos.
Promotoria é contra sigilo
O promotor Thiago Marin defendeu que não seja decretado sigilo sobre o processo e afirmou ser contrário ao julgamento com as portas fechadas, "por violar a regra de publicidade do processo penal".
Marin disse ainda que, caso seja determinada a vedação da captação da imagem de Cupertino durante a sessão do júri, essa proibição não se estenda para fora do tribunal, citando o trajeto do acusado entre a penitenciária e o fórum, "uma vez que essa restrição esbarraria em diversos princípios constitucionais, dentre eles a liberdade de imprensa e o acesso à informação".
De acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público, Cupertino baleou Rafael Miguel e os pais dele, João e Miriam Miguel, na porta de sua casa. A família teria ido ao local para conversar com o comerciante sobre o namoro do ator com a filha dele, Isabela Matias.
O Ministério Público disse na acusação que Cupertino "nutria uma relação de exacerbado sentimento de posse em relação à filha, não suportando a ideia de que ela namorasse o ator".
O comerciante, que ficou três anos foragido até ser preso em um hotel de São Paulo, nega ter cometido o crime.
Em entrevistas concedidas à época da prisão, ele declarou ser inocente.
"Lógico que não matei. A polícia vai saber quem foi."
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