Rogério Gentile

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Reportagem

Sikêra é condenado à prisão, mas pena é mudada para pagamento de R$ 15 mil

O apresentador Sikêra Júnior foi condenado pela Justiça paulista por crime de injúria contra a jornalista Luisa Mell, ativista da causa animal.

Sikêra recebeu uma pena de um mês e dez dias de detenção em regime aberto, mas a punição foi substituída pelo pagamento de dez salários-mínimos (R$ 15.180,00) à ativista.

No regime aberto, de semiliberdade, a execução da pena ocorre em casas de albergado, que é um presídio de segurança mínima. O condenado, que precisa obrigatoriamente trabalhar ou estudar, fica no local apenas durante a noite e nos finais de semana. Quando não há vagas nas casas de albergado, que são poucas no país, pode ficar em prisão domiciliar.

"Defende cachorro e o bolso dela", disse Sikêra sobre Mell

A queixa-crime foi movida por Mell contra Sikêra após o apresentador participar do quadro "Para quem você tira o chapéu?", do Programa Raul Gil, então exibido pelo SBT.

Ao justificar o motivo de não tirar o chapéu para a ativista, Sikêra disse: "Ela defende cachorro e o bolso dela", declarou. "Ela gosta é de dinheiro. Se você colocar lá no Google, você vai ver a quantidade de denúncias que tem contra a fundação dela", declarou, citando as doações ao Instituto Luisa Mell.

A ativista disse à Justiça que Sikêra a ofendeu "ao insinuar que obteria dinheiro indevidamente, descredibilizando sua luta árdua, de longos anos, em prol da defesa dos animais".

Ela afirmou no processo que trabalha voluntariamente pela causa.

"O devaneio de Sikêra Jr é tão grande, que basta uma pesquisa no Google para que se perceba a completa inexistência de 'denúncias' relacionando o Instituto Luisa Mel a qualquer caso de apropriação ou desvio de doações", disse à Justiça a advogada Izabella Borges, que a representa.

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Na defesa apresentada na ação, Sikêra afirmou que não cometeu crime algum, e que apenas exerceu o direito de crítica jornalística.

Afirmou "ser uma pessoa de bem, de origem humilde e que sempre exerceu suas atividades profissionais com dignidade e correção".

O apresentador declarou que a controvérsia foi iniciada pela própria Luisa Mell, que o atacou nas redes sociais após ele ter exibido em seu programa uma reportagem sobre um homem que violentara sexualmente uma égua.

Na ocasião, a ativista dissera que, em vez de repudiar o fato, Sikêra havia achado graça da situação. Ele afirmou no processo que isso não era verdade, e que tal distorção gerou uma discussão acalorada entre eles.

"É necessário examinar o episódio como um todo", disse à Justiça.

Ao condenar o apresentador, a juíza Mariana Annibal afirmou que ele colocou em xeque a reputação de Mell, induzindo, "sem qualquer fundamento, milhares de espectadores a duvidarem da credibilidade e da seriedade do trabalho" dela.

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"É imperioso reconhecer que as expressões infamantes utilizadas pelo apresentador para se referir à ativista foram mais que suficientes para atingir sua honra", disse na sentença.

Sikêra já recorreu da decisão.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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