Ronilso Pacheco

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Opinião

Nos EUA, Eduardo Bolsonaro cita perseguição aos cristãos. Como? Não sabemos

A Conferência da Ação Política Conservadora, na sigla CPAC em inglês, é hoje o maior encontro de lideranças conservadoras do mundo. Sua sede está nos Estados Unidos, mas hoje se espalha, gradativamente, por países como Colômbia, Brasil, México, Hungria, Israel e outros.

A mais recente edição internacional da CPAC começou na quarta-feira (19), um dia antes da gestão de Donald Trump completar exatamente um mês, desde a posse, em 20 de janeiro.

Trump tem sido um participante frequente do CPAC desde 2013 e tem na conferência uma espécie de mobilização transnacional de apoio à sua liderança e ao seu projeto de mundo ultraconservador, protecionista, nacionalista e supremacista.

A inclusão de uma edição brasileira na agenda do CPAC chegou graças ao deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente. O próximo encontro no Brasil, inclusive, já tem local confirmado, em Manaus.

A fixação de Eduardo pelos Estados Unidos é conhecida, e, a julgar por suas postagens e atuação nas redes sociais, parece que ele é quase tão presente no país de Trump do que no parlamento de sua própria nação.

Neste referencial CPAC, com todos os holofotes voltados para o primeiro mês completo da gestão Trump, Eduardo se colocou no lugar de um denunciante de uma suposta "ditadura" que ocorre no Brasil neste momento.

Ao público americano, o filho do ex-presidente denunciou o que considera "censura" no Brasil e uma "ditadura fora do sentido tradicional", como sendo uma "perseguição que não vem pelas mãos do Executivo, mas pelo Judiciário", o que, segundo ele, "é ainda mais perigoso".

Para uma plateia que ainda não preenchia todos os lugares do grande auditório onde o encontro acontecia, Eduardo disse que, no Brasil, "o sistema judiciário tem sido instrumentalizado, criando uma ilusão de legalidade enquanto desmantela sistematicamente a democracia".

Eduardo cumpriu a cartilha "Musk-Trump" e atacou as agências Usaid, de apoio a organizações e iniciativas humanitárias internacionais, e NED, de apoio a propostas de defesa da democracia no mundo.

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O CPAC, cujo primeiro convidado do dia foi o vice-presidente dos EUA, J. D. Vance, foi aberto com uma oração, em que o pastor agradeceu "a Deus por este grande presidente, Donald J. Trump", pedindo a Deus para proteger a liderança do presidente e seu vice.

Eduardo Bolsonaro parece estar decidido a usar (o que acredita ser) sua influência junto ao governo americano, para pressionar as autoridades brasileiras a anistiar não apenas Bolsonaro, mas todos os envolvidos no ataque às sedes dos três Poderes no Brasil, a exemplo do que o próprio Trump fizera já na sua primeira semana como presidente novamente.

O filho do ex-presidente não deu, em seu discurso, nenhum elemento concreto que pudesse explicar o que ele considera uma ação contundente do poder Judiciário brasileiro na manutenção de uma ditadura ou censura.

A única coisa que sabemos é que, segundo Eduardo, há no Brasil uma perseguição, provavelmente liderada pelo juiz Alexandre de Moraes, aos "conservadores, aos libertários e aos cristãos".

Sim, perseguição e censura aos cristãos. Como? Não sabemos.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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