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Rubens Valente

REPORTAGEM

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Juiz cobra do governo federal plano de remoção de imigrantes retidos no AC

Imigrantes acampados na Ponte de Integração conversaram na semana passada com governador do Acre, Gladson Cameli (de jaqueta laranja) - Diego Gurgel/Acre/Divulgação
Imigrantes acampados na Ponte de Integração conversaram na semana passada com governador do Acre, Gladson Cameli (de jaqueta laranja) Imagem: Diego Gurgel/Acre/Divulgação

Colunista do UOL

01/03/2021 13h38

O juiz da 2ª Vara Federal Cível e Criminal do Acre, Herley da Luz Brasil, cobrou nesta segunda-feira (1) do governo federal a apresentação, em 48 horas, de um plano de remoção e reassentamento dos imigrantes que estão retidos na fronteira entre o Brasil e o Peru e que fazem um bloqueio da Ponte de Integração, no Acre.

Os imigrantes - cerca de 500, segundo estimativa de organização não governamentais, dos quais 100 vivendo em situação de rua -, muitos dos quais são haitianos, estão retidos em Assis Brasil (AC) porque o Peru fechou suas fronteiras a estrangeiros a fim de tentar controlar a pandemia do coronavírus, que já matou mais de 45 mil pessoas em território peruano.

Na sexta-feira (26), após mobilizar a atenção de oito ministérios, a AGU (Advocacia Geral da União) pediu à Justiça Federal que ordene uma ação policial a fim de retirar à força os imigrantes que estão sobre a ponte que liga Assis Brasil à localidade de Iñapari, no Peru. O governo alega prejuízos econômicos na região com a retenção de caminhões de carga.

Intimados pelo juiz, o MPF (Ministério Público Federal) e a DPU (Defensoria Pública da União) pediram o adiamento da reintegração de posse e sugeriram uma saída negociada com os manifestantes.

Nesta segunda-feira, o juiz determinou que a União informe, num prazo de dois dias: "quais esforços foram envidados pela União para resolver a situação; se já prestou auxílio material aos migrantes que se encontram na fronteira e a previsão de fazê-lo; qual o plano de remoção e reassentamento dos migrantes porá em prática, consultando inclusive o Ministério da Justiça a respeito; sob sua ótica, quais preocupações e cuidados devem ser tomados com os migrantes em situação de vulnerabilidade, antes, durante e após eventual desocupação da ponte, tendo em vista que na petição inicial explicita tão somente preocupações com o transporte e o comércio internacional (menções a questões sanitárias são apenas genéricas)".

O juiz Herley da Luz Brasil também pediu que a União fale a respeito das manifestações do MPF e da AGU.