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Tales Faria

Expectativa no STF é analisar caso Witzel só após impeachment do governador

O plenário do Supremo Tribunal Federal - Rosinei Coutinho/STF/29.nov.2018
O plenário do Supremo Tribunal Federal Imagem: Rosinei Coutinho/STF/29.nov.2018

Chefe da Sucursal de Brasília do UOL

28/08/2020 14h26

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Afastado do cargo de governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel deve recorrer ao Supremo Tribunal Federal, se o Superior Tribunal de Justiça mantiver a decisão monocrática do ministro Benedito Gonçalves.

Mas a expectativa entre ministros do STF não é favorável a ele. Um dos ministros que mais tem criticado os excessos do Ministério Público nas acusações de corrupção disse ao blog que Benedito Gonçalves "é considerado muito consciente em suas decisões".

Além disso, a avaliação é de que uma decisão sobre manter ou suspender o afastamento do governador só deve ser tomada depois que a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro decidir sobre seu impeachment.

A ideia é que o STF não se deixe levar pelo argumento do governador, de que seu caso é mero fruto de perseguição política. Nem misturar todas as denúncias por corrupção contra autoridades num mesmo saco.

Em seu pronunciamento na manhã desta sexta-feira, 28, Witzel deixou clara a estratégia de chamar em sua ajuda até mesmo figuras políticas às quais atribuídos.

Ele citou as condenações impostas pelo ex-juiz Sérgio Moro ao ex-presidente Lula, do PT, assim como a absolvição, após cinco anos, do ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel. Também falou do caso do ex-governador do Rio Luiz Fernando Pezão, que ficou preso durante um ano.

O ministro do STJ Benedito Gonçalves não é visto pelos ministros do STF da mesma maneira que Sérgio Moro, cujo desempenho à frente da Lava Jato divide opiniões.

Misturar os casos, na avaliação dos ministros da Suprema Corte, só servirá para descredenciar suas decisões futuras. "Cada caso é um caso. Temos que ver com cuidado o problema do Rio de Janeiro", disse um dos ministros.

Aliás, o Rio de Janeiro é visto como um case à parte. A avaliação é de que a corrupção está entranhada nas instituições locais. A prisão de cinco governadores na história recente do Estado não é mera coincidência.