Coordenador político do Planalto entra na conta da reforma ministerial
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Veja o caso do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que foi defenestrado do governo porque bateu de frente com o general Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria de Governo. O general, que é coordenador político do Planalto, também ficou com a cabeça a prêmio.
Álvaro Antônio acusou o coordenador político de oferecer cargos a granel, na administração pública, em troca de votos para o líder do PP, o deputado alagoano do centrão Arthur Lira, se eleger presidente da Câmara.
A briga dos dois explicitou tudo que Bolsonaro jurou de pés que não faria: um toma lá dá cá com o Congresso comandado de dentro do Planalto. É como se os ministros tivessem deixado o rei nu.
Luiz Eduardo Ramos já tinha batido de frente com outro queridinho dos bolsonaristas, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que o chamou de "Maria Fofoca".
Pode ser que o general não seja demitido. É amigo do presidente. Mas as especulações no governo são de que, na melhor das hipóteses, acabará transferido para outro posto.
Afinal, sabe aquele bordão: pode ocorrer de tudo, inclusive nada? Não se aplica ao governo Bolsonaro. Hoje em Brasília pode ocorrer de tudo. Tudo mesmo. Só isso!
A verdade é que a saída do Marcelo Álvaro Antônio deflagrou o processo de reforma ministerial que já se esperava que ocorreria nesta virada de ano.
Seu substituto, Gilson Machado, não deve ficar muito tempo no cargo. Pelo menos é o que dizem no Planalto: a vaga será usada para a mexida de cadeiras que propiciará a tomada definitiva do governo pelo centrão.
É o que planejam os principais conselheiros de Bolsonaro: colocar um profissional do centrão na coordenação política e trazer, para outros ministérios, congressistas que ajudem Arthur Lira e um futuro presidente do Senado —que também seja do centrão— a assumir o comando do Congresso.
Ricardo Salles é outro que está cotado para mudar de pasta, provavelmente no bojo das negociações internacionais sobre Meio ambiente envolvendo o novo presidente dos EUA, Joe Biden.
Cedo ou tarde, Bolsonaro terá que reconhecer que os norte-americanos elegeram um novo presidente para o lugar de Donald Trump.
Oferecer a cabeça de Salles pode auxiliar um entendimento com Biden.
E também pode entrar nessa nova configuração de relacionamento com os Estados Unidos o cargo do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, outro que não tem se saído bem.
Ou seja, há muita coisa entre o céu e a terra que ainda pode acontecer no governo Bolsonaro. E também há ministérios de sobra que não estão dando muito certo.
Veja o caso do Ministério da Saúde e do ministro Eduardo Pazuello. E por onde anda mesmo o ministro da Educação, Milton Ribeiro?
Sem contar que Bolsonaro e Arthur Lira ainda não derrotaram o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e suas articulações oposicionistas para eleger um sucessor.
Enfim, só não pode ocorrer no governo Bolsonaro de as coisas ficarem paradas. Ah, isso não. Tudo pode acontecer, somente tudo!
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