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Tales Faria

REPORTAGEM

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Fux aguarda 7 de setembro e recuo de Bolsonaro no impeachment de ministros

Chefe da Sucursal de Brasília do UOL

19/08/2021 10h09Atualizada em 20/08/2021 16h47

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O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, acredita ter estendido a mão para o presidente Jair Bolsonaro com o anúncio de que pode remarcar a reunião entre os chefes dos Três Poderes. Foi o que lhe pediu o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DE-MG), no encontro desta quarta-feira, 18. Mas dependerá das atitudes do mandatário do Planalto nos próximos dias. Pelo menos até 7 de setembro.

São duas as principais movimentações de Bolsonaro que Fux está sendo aconselhado por seus colegas do STF a observar.

Primeiro se os bolsonaristas continuarão a escalada de manifestações contra os ministros da Corte. E como os aliados do presidente, e ele próprio, agirão nas comemorações do Dia da Independência.

Sites bolsonaristas vinham anunciando um grande ato de protesto em Brasília. Em suas filmagens, o ex-deputado Roberto Jefferson, agora preso, chegou a falar na possibilidade de golpe. O cantor e ex-deputado Sérgio Reis, proclamou que caminhoneiros e ruralistas parariam o país a partir do 7 de setembro.

A retomada do diálogo com o chefe do Executivo ficará dificultada se as manifestações contra o Judiciário se derem mesmo em tom parecido ao anunciado pelos bolsonaristas.

O segundo movimento esperado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal é quanto ao anunciado pedido de impeachment dos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Um anúncio do presidente de que desistiu de enviar a ação ao Senado ajudaria muito a paziguar os ânimos.

Poderia até não ser feito o anúncio, mas desde que não fosse dada entrada no pedido. Aí então, após um 7 de setembro pacífico, Fux poderia remarcar o encontro e Bolsonaro deixar para anunciar a desistência da ação logo a seguir.

Estes recados estão sendo levados ao presidente da República por seu chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que também se encontrou com Fux nesta quarta-feira.

Nogueira, que se autointitula "um amortecedor" de conflitos, tenta convencer Bolsonaro a pisar no freio. Ele tem um forte argumento no bolso: o impasse com o STF pode se alastrar para o Congresso. E isso seria trágico para o governo Bolsonaro.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, está disposto a ficar ao lado dos ministros do Supremo, se Bolsonaro insistir no conflito. Com Pacheco como adversário, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também terá dificuldades de sustentar o encaminhamento governista que tem dado à pauta de votações.

Enfim, agora Judiciário e Legislativo estão de olho no próximo movimento do chefe do Executivo, no outro lado da Praça dos Três Poderes.