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Tales Faria

REPORTAGEM

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Bolsonaro aposta no lobby dos servidores para aprovar a PEC dos Precatórios

Seguranças da Guarda Nacional observam uma das muitas marchas dos servidores públicos federais por reajustes salariais, na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes de Brasília - Roberto Jayme/UOL
Seguranças da Guarda Nacional observam uma das muitas marchas dos servidores públicos federais por reajustes salariais, na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes de Brasília Imagem: Roberto Jayme/UOL

Chefe da Sucursal de Brasília do UOL

17/11/2021 10h14

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O presidente Jair Bolsonaro foi sindicalista e sabe, muito bem, o quanto são pragmáticos os líderes sindicais. Não interessa se o empregador é de esquerda ou de direita, conservador ou progressista, o que interessa é obter vantagens para a categoria e, com isso, continuar à frente do sindicato.

Foi nisto que Bolsonaro apostou quando declarou, nesta terça-feira, 16, que, com a aprovação da PEC dos Precatórios, poderá dar um reajuste aos funcionários públicos: pragmáticos, os líderes sindicais dos servidores passarão a defender a aprovação pelo Congresso da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que adia o pagamento dos Precatórios pelo governo.

Os servidores públicos compõem um dos lobbies mais poderosos junto aos parlamentares. Já destravaram projetos a seu favor que estavam emperrados no Congresso, assim como evitaram derrotas que chegaram a ser computadas como certas. Sozinhos não têm vitória garantida, mas quando se juntam aos interesses de outros grupos de pressão, são decisivos.

A PEC corre o risco de ser enterrada no Senado, pelo menos na forma como foi aprovada na Câmara. Bolsonaro aposta que sua declaração ligando a PEC à folga no Orçamento capaz de reajustar salários do funcionalismo trará os sindicatos da categoria para a batalha em favor da aprovação do projeto.

Muitos senadores têm feito declarações contra a PEC, contra alterações no teto dos gastos públicos imposta pelo texto e contra o calote dos precatórios. Ou seja, em favor do ajuste fiscal.

Mas políticos, na verdade, não se sentem assim tão casados, de papel passado, com o ajuste das contas públicas. Pressão de eleitores e cabos eleitorais, como os funcionários públicos, junto a benesses, como liberação de emendas dos parlamentares ao Orçamento e engorda no Fundo Eleitoral... Tudo isso pode levar os senadores a esquecer seus amores pelo ajuste.

Com uma forcinha adicional da chantagem inicial do ministro da Economia, Paulo Guedes: não haverá dinheiro para pagar o Auxílio Brasil se a PEC não for aprovada.

Paulo Guedes está jogando tão junto que, como disse Bolsonaro, vai encontrar "uma folga" para o reajuste do funcionalismo.

E que se danem as contas públicas.