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Governo soma dividendos da Petrobras às mágicas eleitorais de Arthur Lira
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Não é mera coincidência o anúncio da Petrobras de que pode antecipar a distribuição de dividendos recordes da estatal às vésperas das eleições.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), comemorou no Twitter o que chamou de "má notícia para os pessimistas de plantão". Disse que ele e o governo estão "trabalhando para o mundo real".
O "mundo real" de Lira é o mundo das mágicas que ele consegue produzir. Lira é o chefe do centrão na Câmara e aluno mais brilhante do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha, que ficou famoso como operador das pautas bombas contra o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
O atual presidente da Câmara produziu mágicas no Congresso tão ou mais poderosas do que as pautas bombas. Só que, desta vez, a favor do governo, como o Orçamento secreto que distribuiu emendas de milhões de reais para parlamentares escolhidos a dedo pelo centrão.
Outra grande mágica foi a aprovação em tempo recorde de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) contra a Constituição, feita para liberar a gastança em benesses às vésperas das eleições.
É esse tipo de mágica em que o governo se baseia para forçar a Petrobras a diminuir o preço dos combustíveis em função da época pré-eleitoral.
Primeiro foi feito um anúncio na semana passada e agora, nova diminuição do preço dos combustíveis, com uma nota da estatal sugerindo que age independentemente das pressões eleitorais do presidente e protegendo as variações de preço contra mudanças sazonais.
Sazonal, segundo os dicionários, quer dizer "o que é típico de determinada estação ou época". Pois é. Estamos em época de eleições, que ocorrem a cada dois anos. Essa é ou não é uma alteração que se rende a um movimento sazonal e a uma pressão do presidente em campanha?
Vale lembrar ainda que Bolsonaro acabou de pedir para as estatais anteciparem o pagamento de dividendos ao governo a fim de cobrir as benesses da PEC do Arthur Lira e trazer votos para a campanha de ambos à reeleição.
Eis que a Petrobras, então, com o novo presidente recentemente designado por Bolsonaro, anuncia uma contabilidade com dividendos recordes de cerca de R$ 87 bilhões, e a possível antecipação do pagamento aos acionistas.
O governo é o principal acionista da estatal. Terá direito a R$ 25 bilhões que muito ajudarão a cobrir os R$ 100 bilhões necessários para pagar as benesses pré-eleitorais.
É este o mundo real de Arthur Lira e de Bolsonaro, o mundo mágico do vale tudo pré-eleitoral. Cheio de coincidências, digamos assim.
O problema é que, como disse a cientista política Daniela Campello aqui no UOL, eles estão matando a galinha dos ovos de ouro chamada Brasil.
E tudo cairá sobre nossos ombros após as eleições.
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