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Após apoiar rebelião contra STF Bolsonaro agora quer se livrar de Jefferson
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Em post no Twitter do presidente Jair Bolsonaro (PL) declara que não concorda com as agressões do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) à ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF) e sua ação armada contra a Polícia Federal. Às vésperas da eleição do novo presidente da República, a proximidade com Jefferson é perigosa para o candidato a reeleição ao Planalto.
Mas Bolsonaro não resiste. Ele insiste em manter a corda esticada contra o STF, dizendo que também repudia "a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a participação do MP" (Ministério Público). São os inquéritos que apuram abusos contra a ordem democrática que tramitam na Corte, diante da inação do procurador geral da República, Augusto Aras, designado por Bolsonaro.
Jefferson divulgou um vídeo em que afirma que a ministra "lembra aquelas prostitutas, arrombadas, que dizem 'ai, benzinho, nunca dei o rabinho' ".
Mas não foi por isso que Alexandre de Moraes mandou os policiais à sua casa e foram recebidos à bala pelo ex-deputado. Dois deles atingidos na cabeça, segundo as primeiras informações.
O que moveu a ida à casa do ex-deputado foi o fato de a Policia Federal ter apurado que Roberto Jefferson planejava uma ação violenta para depois de terça-feira, quando, por causa da proximidade das eleições, a legislação impediria sua detenção.
Bolsonaro não consegue e não conseguirá se afastar das atitudes violentas de Jefferson por um motivo muito simples: a violência sempre integrou o discurso de seus aliados nesta e em outras campanhas eleitorais de que o presidente da República participou.
O deputado Daniel Silveira, aquele que rasgou a placa de Marielle, também ameaçou ministros do Supremo e desobedeceu ordens de utilizar tornozeleira eletrônica. Acabou premiado com uma solenidade no Planalto, o perdão presidencial à sua condenação e o apoio de Bolsonaro à sua candidatura ao Senado. Por sorte, não foi eleito.
Todos sabíamos que estávamos em uma escalada de violência promovida pelo próprio presidente da República, que já causou outros ataques, até com morte. Como no caso do assassinato de um petista em Foz do Iguaçu por um militante bolsonarista.
No Sete de Setembro do ano passado, chegou a ser anunciada um tomada de Brasília pelas forças bolsonaristas, com discursos do presidente contra os ministros do Supremo.
Só não ocorreu pela reação dura do próprio STF, antecipando-se com prisões e abertura de investigações contra aqueles que expuseram publicamente suas intenções. Essas mesmas investigações que Bolsonaro afirma serem ilegais, mas que, se não tivessem sido abertas, permitiriam a continuidade da marcha da insensatez.
Resta ver como isso tudo se refletirá na campanha pela reeleição do presidente. Até agora suas taxas de intenção de voto nas pesquisas têm resistido às más notícias, como o ataque de bolsonaristas ao arcebispo de Nossa Senhora de Aparecida durante os festejos da padroeira do Brasil.
Nem a declaração do presidente de que "pintou um clima" entre ele e meninas de 14 a 16 anos, a quem classificou como garotas de programa, fez com que ele despencasse nas pesquisas.
Pode ser que Bolsonaro não venha a despencar nas pesquisas até o próximo dia 30. Mas será impossível ele descolar-se, perante a História, de atos de violência como este de Roberto Jefferson.
O que preocupa Bolsonaro, no entanto, não é a História, é apenas a votação do próximo dia 30. Por isso agora ele quer se livrar de Jefferson, após apoiar rebeliões contra o STF.
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