Investigação do golpe revela que Delgatti esteve no Ministério da Defesa
A investigação sobre a tentativa de golpe revelou que o hacker Walter Delgatti esteve no Ministério da Defesa, afirmou o colunista Tales Faria no Análise da Notícia desta quarta-feira (20). No material divulgado pela Polícia Federal, o general Mário Fernandes fala sobre a atuação de um hacker, chamado por ele de "garoto".
No dia 10 de novembro, um pouquinho antes daquela tentativa frustrada de ataque e eventual assassinato do ministro Alexandre de Moraes, o general Mário Fernandes troca mensagens com um interlocutor.
Ele diz: "Mas pô, eu forcei a barra e aí nós pedimos para o garoto e ele prometeu fazer até o final dessa semana um protótipo do código que ele teria feito lá atrás, quando ele foi demandado pelos representantes dos partidos políticos.
Diz ele que ele colocou na nuvem quando os caras baixaram o código dele. O código malicioso ele teria deletado. Ele disse que até o final da semana ia preparar um para que o MD [Ministério da Defesa] com o seu pessoal técnico, pudesse preparar um bot, ou seja, uma ferramenta de busca.
O código dele é uma ferramenta de busca por semelhança, né? E aí faz o bot, faz uma varredura no código-fonte do sistema eleitoral para ver se encontra alguma linha, dentre aqueles milhões de linhas semelhantes às linhas de código dele. E aí nós estamos nessa. O garoto está à disposição."
Tales apurou que o "garoto" citado nas mensagens é Walter Delgatti.
Eu peguei esse seu achado e mandei para o advogado da nossa desconfiança de quem fosse esse garoto, quem é que a gente desconfiaria, quem é o primeiro nome que a gente desconfiaria que é esse garoto?
Aí fui lá no advogado do Walter Delgatti, Ariovaldo Moreira, e relatei para ele: 'Achamos isso aqui e tal'. E ele: 'Acharam, é isso, tal? O general Mário Fernandes escreveu isso no depoimento? Isso é o Walter Delgatti, não tenha dúvida, eu vou mandar para o senhor'.
Aí ele me mandou a seguinte resposta no WhatsApp: Walter narrou mais de uma vez os fatos aqui comentados, mas jamais deram crédito para ele. Essa intercepção comprova toda a atuação de Walter junto ao Ministério da Defesa.
Quem no Ministério da Defesa negou? O secretário de Comunicação do Ministério da Defesa, que se chama Rodrigo Vergara, que é citado nessa mensagem.
E só para completar, o Vergara postou uma foto no perfil do WhatsApp, logo após as eleições, o Vergara era um dos principais assessores, um dos caras mais próximos do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. Aí ele postou no WhatsApp uma imagem da bandeira do Brasil em preto e branco, com a frase: no meu país o crime compensa, luto pela eleição do Lula.
Tales Faria, colunista do UOL
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