Tales Faria

Tales Faria

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Lula aproveita funeral do papa para ajustar articulação com Congresso

O papa Francisco deixou como herança para o presidente Lula mais uma oportunidade de ajustar sua relação com o Congresso.

O presente papal é tão mais importante devido à crise que se desenhava com a desistência do líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (MA), de aceitar o convite para assumir como ministro das Comunicações.

O deputado foi indicado para o cargo pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União AP). Lula já convidou Alcolumbre para acompanhá-lo na viagem a Roma para participar do funeral do papa.

O que se fala no Planalto é que mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Alcolumbre deverá ser encarregado pelo presidente de articular dentro do partido a escolha do novo ministro. Poderá até mesmo decidir se deixa a vaga para outra legenda do centrão. Tudo dependerá das conversas durante a viagem.

O PSD, de Gilberto Kassab, está de olho em algum cargo na reforma ministerial. Aceitaria de bom grado a pasta.

Os articuladores do governo reconhecem que foi um erro anunciar o convite a Pedro Lucas antes de estar tudo acertado. Mas a ideia agora é que sua permanência como líder ajuda a impedir o avanço dos oposicionistas na bancada União Brasil, que está dividida.

Além de Alcolumbre, Lula também já convidou para a viagem o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso.

O presidente da República ainda não divulgou quais outros políticos pretende levar na viagem. Mas tentará aproveitar ao máximo a oportunidade para ajustar os parafusos com o Congresso. A ideia é deixar o país na quinta-feira e voltar no domingo, 27.

Com Barroso, a ideia é que a viagem sirva como oportunidade para os três poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - acertem uma estratégia comum em relação ao projeto de anistia para os golpistas do 8 de janeiro de 2023.

Continua após a publicidade

O PL já obteve assinaturas para dar urgência à tramitação do projeto na Câmara, mas caberá a Hugo Motta decidir se coloca ou não o texto em votação no plenário.

Os ministros do Supremo são contrários à anistia. Motta e Lula procuram um caminho alternativo, que poderia ser a redução das penas dos golpistas que invadiram e depredaram os prédios do Três Poderes no 8 de janeiro. Mas mesmo isso sofre resistências no Judiciário.

Ou seja, não havia momento mais propício para Lula manter uma longa conversa com os chefes dos outros poderes da República. Foi um presente deixado como herança pelo papa Francisco para o presidente brasileiro.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.