Senadores tentam 'revanche' da indústria contra Imposto do Pecado
No apagar das luzes de 2024, senadores tentam aprovar mudanças na regulamentação da reforma tributária que alteram o projeto aprovado na Câmara.
O senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) apresentou emenda para tirar bebidas açucaradas como refrigerantes do imposto seletivo. Conhecido como imposto do pecado, tem alíquota mais alta para inibir o consumo por causarem mal à saúde e ao meio ambiente.
O imposto do pecado é voltado a produtos como tabaco e álcool.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de refrigerantes está associado a riscos aumentados de obesidade e diabetes, e por isso a recomendação de taxação.
O próprio Cardoso menciona o argumento na emenda que apresentou. Mas ele minimiza o potencial prejudicial à saúde do refrigerante, argumentando que as calorias ingeridas são insignificantes na dieta média brasileira e que o imposto afetaria a cadeia de empregos que a indústria gera.
"A proposta de taxar bebidas açucaradas não se alinha com a realidade brasileira e suas particularidades nutricionais e econômicas. Políticas mais eficazes e abrangentes, focadas na educação nutricional e na conscientização sobre consumo moderado, seriam mais apropriadas", diz Cardoso no documento.
Outros senadores como Omar Aziz (PSD-AM) declararam apoio na sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) nesta quarta-feira (11).
Outra mudança apresentada no Senado é a inclusão de um artigo, o 437, que prevê a redução de até 25% na alíquota do imposto do pecado para as empresas que realizarem ações de mitigação de danos causados à saúde e ao ambiente.
A redação do artigo não fornece maiores detalhes sobre quais ações seriam essas. Segundo a equipe da ACT Promoção da Saúde, entidade da sociedade civil que acompanha a votação in loco, o texto pode acabar permitindo que uma "campanha de conscientização" promova redução de imposto.
A ACT vê semelhanças entre o artigo 437 e um projeto que foi discutido na Câmara pela Frente do Empreendedorismo com essa mesma previsão.
O texto do relator Eduardo Braga (MDB-AM) incluiu outros itens ultraprocessados na cesta básica como a massa preparada do pão francês e fórmulas infantis e mingaus à base de cereais.
Esses itens estavam incluídos de maneira genérica no texto aprovado na Câmara e agora passam a ser explicitamente desonerados.
Entidades criticam a medida porque estimula a substituição do leite materno por fórmulas ultraprocessadas sem critérios técnicos que levem em conta a saúde do bebê.
O projeto está em votação na CCJ. Se aprovado vai a plenário no Senado. Com as mudanças precisará voltar a ser apreciado pela Câmara dos Deputados para entrar em vigor.
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