A tragédia mais silenciosa do coronavírus
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Uma amiga relatou um velório a que foi ontem. O homem havia morrido de infarto fulminante, aos 42 anos. A família ficou em dúvida se podia velar o corpo, se a vigilância sanitária permitiria, se havia alguma nova norma sobre o assunto (há: em São Paulo, a prefeitura determinou que as salas funerárias não podem abrigar mais de dez pessoas por vez). Decidiu-se por um velório modesto, reservado, com todas as manifestações físicas de solidariedade e pesar vetadas, para evitar contaminações.
O homem morto deixou mulher, filhos e uma mãe idosa, além de diabética e cardíaca. Ela passou a noite blindada por parentes de contatos que poderiam contaminá-la, fazê-la adoecer e morrer. Isolada em um canto da sala tomada por coroas de flores, fitava o caixão do filho com um olhar perdido e atônito. Sozinha. Nada de abraços para ela.
Na China, os parentes das vítimas que sucumbiram ao vírus têm de cremá-las imediatamente. O mesmo ocorre na Itália, onde há fila para a prática. Se o doente morreu no hospital, seus familiares o viram pela última vez quando ele deu entrada no pronto-socorro, já que toda visita aos pacientes de Covid-19 está proibida.
O coronavírus inaugurou a morte sem abraços nem adeus.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.