Bolsonaro chamou o povo para a rua, mas o povo preferiu ficar em casa
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Contrariando o que o presidente Jair Bolsonaro vem pregando há quase um mês, a maioria dos brasileiros continua achando que é melhor ficar em casa. As últimas pesquisas do instituto Datafolha mostram que, quando o assunto é a melhor estratégia para enfrentar a pandemia do coronavírus, a população fecha com o ministro Henrique Mandetta, principal antagonista do presidente na discussão. Também na esfera do poder, a insistência de Bolsonaro em derrubar a quarentena deixou o ex-capitão entrincheirado. Do outro lado do front, posicionaram-se, além de seus principais ministros, também os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal.
Ainda assim, Bolsonaro não acha que está só. A defesa da quarentena, diz, é tática de adversários políticos que querem "sufocar a economia para desgastar o governo" e ele, contra tudo e contra todos, pode reabrir o comércio e trazer a "volta à normalidade" com uma canetada — desde que conte com um único apoio.
"Eu só posso tomar certas decisões com o povo estando comigo", disse na quinta-feira de manhã, na saída do Palácio da Alvorada. "Estou esperando o povo pedir mais".
No mesmo dia, à noite, apoiadores do presidente começaram a subir a hashtag ''#NasRuas5DeAbril'', uma manifestação pelo fim do isolamento social, pela reabertura do comércio e contra o "oportunismo" de prefeitos e governadores. Hoje, sábado, tudo indica que a iniciativa fracassou.
As redes sociais estão num silêncio sepulcral e mesmo bolsonaristas militantes admitem que o chamamento às ruas não deve vingar — tudo o que ele produziu até agora foi uma profusão de memes contra o ex-capitão. Um deles, paródia de campanha publicitária famosa, mostra Bolsonaro com a imagem de um caixão fúnebre ao fundo. Na montagem, o presidente convida: "Vem para a Caixa você também".
Bolsonaro disse estar "esperando o povo pedir mais".
O silêncio das ruas soa como resposta.
Menos, presidente, menos.
Se quiser furar o autoisolamento a que se confinou, Bolsonaro terá de se conformar em fazê-lo pelas vias institucionais. Até o momento, pelo menos, o "povo" não parece disposto a estimular as tenebrosas tentações que — como admitiu por mais de uma vez o ex-capitão — sempre rondaram sua cabeça.
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