Com ataque a Maia, Bolsonaro quer mobilizar as ruas
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
O presidente Bolsonaro deu a senha na entrevista que concedeu ontem à noite à CNN: "Rodrigo Maia: isso que o senhor está fazendo não se faz com o nosso Brasil. É falta de patriotismo, falta de coração verde-amarelo".
Foi um claro chamado às ruas. A possibilidade de ter apoiadores na escala dos milhões se manifestando nas cidades CONTRA o Congresso é o maior trunfo que o ex-capitão considera ter na manga para fazer frente a Maia, a quem acusou de querer "quebrar o Brasil" e "quase que conspirar contra o governo federal".
Jair Bolsonaro está convencido de que o presidente da Câmara trama para derrubá-lo, como disse textualmente na entrevista.
Seu raciocínio é, como sempre, simples, linear e inamovível: Maia, com as medidas de socorro aos estados e municípios na pandemia, intenciona quebrar o governo e "jogar a economia no buraco de vez até 2022", de forma a enfraquecê-lo e, ao mesmo tempo, blindar os governadores do ônus de terem fechado a economia. "Os bonitões dos governadores gastam e o governo federal paga a conta", como diz um assessor do presidente. "Assim dá para ficar um ano em isolamento", completa.
A hasghtag #ForaMaia explodiu nas redes de ontem para hoje.
Por enquanto, o presidente da Câmara não mordeu a isca. "Não vou entrar nesse debate. Ele (Bolsonaro) joga pedra e o parlamento vai jogar flores no governo federal".
À oferta das flores, o filho Zero Dois do presidente respondeu com uma tijolada. Carlos Bolsonaro, atiçador mais furioso das massas bolsonaristas nas redes sociais, escreveu no Twitter:
"Botafogo ataca DIARIAMENTE o Presidente nas entrelinhas como um belo frouxo e quando recebe uma resposta aberta incorpora a Madre Tereza! Quanto tempo até vir com papinho de que está sendo atacado por robôs do gabinete do ódio como se a humanidade morresse de amores por ele?"
Ao se referir ao "papinho" de Maia sobre os ataques por "robôs do gabinete do ódio", Carlos Bolsonaro faz menção ao que disse o presidente da Câmara durante a crise entre ele e Bolsonaro ocorrida em maio do ano passado -- e que seria uma reprise exata da atual não fosse por um motivo.
Bolsonaro nunca falou tão alto.
Daquela vez, no auge da refrega, e com Maia prestes a abandonar a condução da aprovação da reforma da Previdência por causa dos ataques contra ele nas redes, o presidente da República apenas terceirizou uma ameaça. Compartilhou um post de internet intitulado "texto apavorante". O texto dizia precisamente o que agora o ex-capitão vocaliza de forma explícita: ele se considera alvo de uma conspiração do Congresso, pode reagir contra isso jogando as ruas sobre a instituição e seja o que Deus quiser.
A senha do presidente já foi captada. A manifestação já tem data. E o propósito explícito de criticar o Congresso.
Bolsonaro a endossará? No ano passado, fez suspense até a última hora e acabou recuando. "Quem defende o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional está na manifestação errada", disse três dias antes da data marcada para as passeatas em seu favor.
Se agir diferente desta vez, o presidente estará acendendo uma fagulha perigosa.
Ou será precisamente essa a sua intenção?
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.