O chanceler Ernesto Araújo não teme o ridículo
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A OMS preferiu não responder à acusação do chanceler Ernesto Araújo de que ela quer usar a pandemia de coronavírus para implementar o comunismo no mundo e assim confinar os terráqueos num grande campo de concentração.
O texto do chanceler, publicado em seu blog pessoal e intitulado "Chegou o Comunavírus", ecoa a tese "antiglobalista" amplamente disseminada no Brasil pelo professor de filosofia online Olavo de Carvalho, atualmente em baixa no governo e mais preocupado em vender suas mercadorias (na Semana Santa, ele anunciava no Twitter um filme do qual participou e que trata da "investigação filosófica sobre o fenômeno do milagre" - estava com desconto e era uma "oferta irrecusável", escreveu).
Segundo os antiglobalistas, primos-irmãos dos terraplanistas, organizações multilaterais como a ONU, à qual está subordinada a OMS, trabalham em prol de uma conspiração mundial destinada a minar a soberania dos povos, sua cultura e sua religião. Tal conspiração contaria com a cumplicidade de arquibilionários como George Soros, que usariam a filantropia como disfarce para suas intenções inconfessáveis (controlar a ONU e demais entidades multilaterais para, a partir delas, dominar o mundo) e de forças do "marxismo cultural", incluídas aí a China de Xi Jinping e teóricos marxistas como o sloveno Slavoj Zizek - todos empenhados em erodir os pilares da civilização ocidental de matriz judaico-cristã: Deus, a nação e a família.
No palavroso texto que publicou, o ministro das Relações Exteriores diz que o protagonismo assumido pela OMS na pandemia seria o primeiro passo para fortalecer outros órgãos supranacionais interessados na "construção da sociedade comunista planetária". O "comunavírus", pontifica Ernesto Araújo, é uma "imensa oportunidade de construir uma nova ordem mundial sem nações e sem liberdade".
O silêncio constrangido foi a merecida resposta da OMS ao artigo do chanceler.
Alguém precisa lembrar ao ministro que o comunismo, felizmente, só existe na Coreia do Norte, nos centros acadêmicos de algumas faculdades de ciências sociais e na retórica de políticos que precisam urgentemente atualizar seus alvos sob pena de sucumbir ao ridículo.
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