Weintraub merece mais que uma medalha de Bolsonaro
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Como ministro da Educação, Abraham Weintraub é um ótimo causador de confusão.
Com um ou dois tuítes de mau gosto, ele conseguiu estremecer a relação do Brasil com seu maior parceiro comercial.
Com uma frase em que misturou bravata e ofensa, ambas de baixo calão, subiu o já perigosamente alto grau de tensão entre os Poderes.
E ao elevar ao paroxismo seu costumeiro discurso vitimista, dessa vez às custas do pogrom perpetrado pelos nazistas contra os judeus alemães em 1938, atraiu para o governo a repulsa de toda uma comunidade.
Mas ontem Weintraub foi homenageado pelo presidente Bolsonaro com a medalha da Ordem do Mérito Naval.
Com ele, estavam outras personalidades cujos valiosos serviços prestados à Marinha restam desconhecidos.
No caso, porém, de agraciados como o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, não é preciso muito tutano para compreender a razão do gesto. Já no de Weintraub, o causador de confusão, o motivo da homenagem é menos claro.
Mas nem por isso infundado.
Abraham Weintraub é hoje quem personifica as causas do bolsonarismo-raiz.
É o ministro do governo que cospe tuítes contra Paulo Freire e a "ideologia de gênero", promete varrer do mapa comunistas e globalistas e — mais importante neste momento — diz que Brasília é um cancro e os ministros do STF, vagabundos.
E é aí que ele cresce aos olhos do chefe.
O ministro é hoje o mais credenciado porta-bandeira do discurso anti-establishment — expressão que já não faz sentido na boca de um presidente que acaba de se atirar nos braços do Centrão.
A aproximação de Bolsonaro com a ala do Congresso conhecida pelo apego às piores práticas da "velha política" é condenada por 67% da população, segundo apontou a última pesquisa Datafolha.
Numa gestão cada vez mais parecida com as anteriores, Weintraub representa a reserva "bolsonarista" do governo, aquela que sustenta os (até agora) inabaláveis 30% de popularidade do presidente.
Bolsonaro deve a ele mais que uma medalhinha.
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