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Thaís Oyama

Tércio entrou para o círculo de confiança dos Bolsonaro pelas mãos de Jair

Tercio, com o presidente Bolsonaro: o assessor banido do Facebook é autor dos famosos óculos pixados da campanha - Facebook/Reprodução
Tercio, com o presidente Bolsonaro: o assessor banido do Facebook é autor dos famosos óculos pixados da campanha Imagem: Facebook/Reprodução

Colunista do UOL

09/07/2020 13h33

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Tercio Arnaud Tomaz entrou no círculo de confiança da família Bolsonaro pelas mãos de Jair Bolsonaro.

O agora assessor presidencial, amigo de Carlos Bolsonaro e apontado como integrante do "gabinete do ódio", foi investigado e banido pelo Facebook sob acusação de liderar uma rede de fake news e perfis falsos destinados a promover a imagem de Bolsonaro e perseguir seus adversários nas redes sociais.

Quando ainda era estudante em Campina Grande, na Paraíba, Tomaz chamou a atenção do então deputado Jair Bolsonaro por causa da repercussão que vinha tendo uma página do Facebook criada por ele e dedicada ao ex-capitão, de quem era fã.

O estudante chegou a vir a Brasília para conhecer seu ídolo e ficou hospedado no apartamento do deputado, no Setor Sudoeste do Distrito Federal. Bolsonaro simpatizou com Tomaz a ponto de pedir a amigos na Paraíba que dessem "uma força para o menino" — naquela época, desempregado.

Em 2017, o próprio Bolsonaro se encarregou de ajeitar a vida de Tomaz. O estudante foi contratado pelo gabinete de Carlos Bolsonaro, mas para trabalhar para Jair, cuja campanha à Presidência começava a esquentar. Durante as reuniões de que o candidato participava, era Tomaz quem ficava com o seu celular nas mãos. O estudante virou o "ajudante de ordens" do ex-capitão e o seu "rapaz das redes".

Descrito como inteligente e criativo, ele foi o autor de uma imagem que ficou famosa na campanha: a do par de óculos pretos pixados, que era aplicado sobre o rosto do ex-capitão toda vez que ele "mitava" - ou seja, dizia algo que atingia em cheio adversários, para gáudio da sua plateia.

Quando Bolsonaro se tornou oficialmente candidato à Presidência e passou a contar com a estrutura de segurança e transporte da Polícia Federal, Tomaz começou a acompanhá-lo nas viagens pelo Brasil.

Depois que Bolsonaro tornou-se presidente, ele foi nomeado para um cargo comissionado no Palácio (remuneração de 13 mil reais) e continuou bem próximo de seu ídolo.

Até há pouco tempo, Tomaz era um dos frequentadores assíduos dos cafés da manhã no Alvorada ao qual costumavam comparecer o assessor Filipe Martins, o major Vitor Hugo e o sempre presente deputado Hélio Lopes, de quem Tomaz se tornou muito próximo também. Durante esses cafés, Tomaz atualizava Bolsonaro sobre o humor das redes sociais e o andamento dos trabalhos de comunicação na internet.

Agora, a investigação do Facebook indica que o teor dessas conversas pode ir bem além de relatos sobre "likes" e "views".