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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Caso da ex-mulher na rachadinha mostra que a vez de Bolsonaro está chegando

Ana Cristina Valle, a segunda mulher do presidente Bolsonaro: mais uma do clã na lista de suspeitos - FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO
Ana Cristina Valle, a segunda mulher do presidente Bolsonaro: mais uma do clã na lista de suspeitos Imagem: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

03/09/2021 10h37

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Quando entrou para a política, em 1988, Jair Bolsonaro tinha um Fiat Panorama, uma moto e dois lotes baratos no interior do Rio de Janeiro.

Desde então, não apenas subiu na vida (em 2018, quando se candidatou à Presidência, já tinha 2,3 milhões em patrimônio declarado, incluindo quatro casas), como colocou a família toda para progredir com ele: os três filhos mais velhos e uma hoje ex-mulher ganharam uma profissão pelas mãos do iniciador e mentor do clã e conseguiram fazer um bom pé de meia (junto com o pai, Flávio, Carlos e Eduardo têm hoje ao menos treze imóveis em áreas nobres do Rio, como Copacabana, Barra da Tijuca e Urca).

Até ontem, o primogênito, senador Flávio, e o Zero Dois, vereador Carlos, eram os únicos investigados da família na Justiça pela prática da rachadinha.

Ontem, chegou a vez de uma outra ex-mulher de Bolsonaro entrar para a lista dos suspeitos.

Um ex-assessor de Flávio Bolsonaro contou que, no período em que trabalhou no gabinete do hoje senador, era obrigado a devolver mensalmente 80% de seu salário e entregá-lo em dinheiro vivo para a advogada Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher do ex-capitão. A informação, revelada pelo site Metrópole, foi confirmada pela colunista do UOL, Juliana dal Piva.

Ana Cristina Siqueira Valle é mãe de Jair Renan Bolsonaro, o filho Zero Quatro do presidente. Os dois mudaram-se há um mês para uma uma casa no Lago Sul de Brasília avaliada em R$ 3,2 milhões.

A prosperidade, a semelhança das acusações feitas por ex-funcionários e a fixação por saques em dinheiro vivo são, por enquanto, alguns dos elementos a unir Bolsonaro, seus filhos e, desde ontem, a ex-mulher Ana Cristina.

Quanto às diferenças, a mais relevante é que, ao contrário dos integrantes do clã que montou, Bolsonaro goza de proteção especial na Justiça em relação a acusações de crimes comuns, caso da rachadinha.

No caso da imputação de crimes que se refiram a ações realizadas antes da posse, ele só pode ser investigado depois que deixar a Presidência.

Bolsonaro acredita que chega ao segundo turno nas eleições de 2022, mas reconhece que, a partir daí, suas chances de vencer o ex-presidente Lula, seu provável rival, são pequenas.

Se as projeções mais pessimistas do ex-capitão se mostrarem verdadeiras, em breve, ele e sua família, hoje unidos na política e na prosperidade, estarão juntos também na Justiça.