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Pesquisa alarma Bolsonaro e esquenta o nome de Tereza Cristina para vice
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Dois pontos calaram fundo nos participantes da reunião realizada na semana passada no Palácio do Planalto para apresentar os resultados da pesquisa sobre o governo encomendada por Valdemar Costa Neto, do PL. O levantamento foi feito com o objetivo de orientar a campanha de Jair Bolsonaro à reeleição.
O primeiro ponto a chamar a atenção dos ministros e assessores palacianos presentes à apresentação foi o tamanho da rejeição do presidente em meio ao eleitorado feminino. "Bolsonaro não tem voto entre as mulheres", chegou a dizer um ministro.
O segundo ponto foi o estrago que causou à popularidade presidencial o comportamento do ex-capitão diante da campanha de vacinação infantil contra a covid-19.
No mês passado, um dia depois de o Ministério da Saúde anunciar a inclusão de crianças de até 11 anos no programa de imunização, Bolsonaro afirmou nunca ter ouvido falar sobre mortes pela doença nessa faixa etária e declarou que não vacinaria sua filha, Laura Bolsonaro, de 11 anos.
Diante dos dados da pesquisa do PL, aliados voltaram a insistir com o presidente para que refreie seu negacionismo.
Já a constatação da alta rejeição do eleitorado feminino à candidatura do presidente fez voltar à tona a alternativa, anteriormente defendida por Valdemar, da ministra Tereza Cristina como vice na chapa presidencial.
Bolsonaro já fez saber que está decidido a pôr Walter Braga Netto no posto. É uma escolha baseada na sua relação pessoal com o ministro e no perene receio que ele tem de ser traído.
Braga Netto, para Bolsonaro, encarna o conceito do "seguro impeachment", assim traduzido por um militar aliado: "O Congresso não vai ser louco de derrubar um presidente para colocar um general no lugar".
Dentro do Palácio, porém, um dos únicos a apoiar a escolha do militar para vice na chapa de Bolsonaro é o também general Luiz Eduardo Ramos - e, mesmo assim, menos por razões estratégicas do que pessoais. Ramos, hoje chefe da burocrática Secretaria-Geral da Presidência, deseja herdar o cargo de Braga Netto, de ministro da Defesa.
Defensores do nome da ministra Tereza Cristina para a chapa de Bolsonaro sustentam que, ao contrário de Braga Netto, que pouco teria a agregar à candidatura do presidente, a ministra da Agricultura guarda o potencial de arrastar com ela o voto feminino e a força do agronegócio, além de ter bom trânsito político.
O problema é que Tereza, hoje filiada ao DEM, já disse que não lhe interessa sair de vice, prefere disputar o Senado pelo Mato Grosso do Sul.
Os motivos dessa opção são os mesmos que justificam a inapetência do centrão para entrar de cabeça na chapa de Bolsonaro com um nome forte do PP ou do PL para vice — e que podem ser resumidos num número: 24%, o desanimador patamar de intenção de votos que o ex-capitão amarga hoje.
Uma coisa é estar no governo e usufruir alegremente da máquina em época eleitoral; outra coisa, bem diferente, é amarrar a própria carroça em cavalo cansado — isso o centrão deixa para os amadores.
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