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Nas cordas, Guedes ouve cobrança pública de Bolsonaro sobre combustíveis
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Paulo Guedes recebeu um ultimato público do chefe nesta manhã.
"Espero que o Paulo Guedes resolva nos próximos dias a questão dos combustíveis no tocante a impostos pelo Brasil (...) Espero que nessa semana mesmo tenhamos uma boa notícia sobre preço dos combustíveis no Brasil", disse o presidente Jair Bolsonaro em entrevista ao canal Terraviva, do Grupo Bandeirantes.
Guedes ganhou o controle sobre a questão dos combustíveis desde que Adolfo Sachsida foi escolhido para chefiar o Ministério das Minas e Energia. Ao nomear para a chefia da pasta um ex-secretário próximo do ministro, o presidente Jair Bolsonaro reforçou em público a mensagem dada em privado — e de forma explícita— a integrantes de seu núcleo político: a partir de agora, quem manda nesse assunto é Guedes.
O empoderamento cobrou seu preço.
O ministro da Economia — que se colocou contra a ideia de decretar o estado de calamidade pública a pretexto da guerra na Ucrânia e como forma de viabilizar o subsídio ao preço dos combustíveis— passou a ser bombardeado por políticos que defendem a medida. Virou o Judas que vai "acabar entregando o governo para o PT" — a alta no preço dos combustíveis e seus reflexos na cadeia produtiva são vistos por Bolsonaro e seu entorno como a principal ameaça ao projeto de reeleição do presidente.
Assim, o anúncio do aumento da projeção de inflação nesta manhã em nada ajudou a aliviar a pressão sobre Guedes. O boletim Focus apontou uma projeção de 4,39% em 2023, maior que a previsão anterior e bem mais alta que a meta estabelecida pelo governo, de 3,25%.
Na quarta-feira, Guedes viaja a Paris lado a lado com aquele que é hoje seu maior antagonista no governo na questão dos combustíveis, o ministro da Casa Civil e cacique do centrão, Ciro Nogueira. Os dois irão representar o Brasil na reunião do conselho ministerial da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que acontecerá na capital francesa entre os dias 8 e 10.
Espinafrado por políticos, cobrado pelo chefe e prestes a dividir a cabine da classe executiva com o inimigo, Guedes não escapará de tomar uma decisão. Se ela significará rasgar o que lhe restou da cartilha liberal é o que se saberá em breve.
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