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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pesquisa mostra que Bolsonaro tem razão em ficar desesperado

O presidente Jair Bolsonaro: colocando em campo seus soldadinhos de chumbo - Sergio Lima/AFP
O presidente Jair Bolsonaro: colocando em campo seus soldadinhos de chumbo Imagem: Sergio Lima/AFP

Colunista do UOL

08/06/2022 11h27

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A inflação está roendo os calcanhares do candidato Jair Bolsonaro.

Pesquisa Genial/Quaest divulgada hoje mostra que para 44% dos brasileiros a economia é atualmente o principal problema do país e que a inflação é o sub-tema que mais preocupa os eleitores. Para 57% deles, está mais difícil pagar as contas e para quase um terço (28%), a culpa pelo preço dos combustíveis é do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O ex-capitão está sentindo o cheiro de queimado.

E a consciência dessa situação foi que resultou no espetáculo de improviso que se viu ontem, com ministros chegando descabelados para um anúncio improvisado de um plano idem, destinado a fazer parecer que o governo tem uma estratégia para baixar o preço dos combustíveis antes da debandada geral em Brasília (a partir de amanhã, viajam para o exterior, além de Bolsonaro, seu vice, Hamilton Mourão, o presidente da Câmara, Arthur Lira, o todo-poderoso ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o cada vez menor ministro da Economia, Paulo Guedes).

Com a queda nas pesquisas, aumentam a impaciência do ex-capitão e também a estridência dos seus discursos — o padrão bolsonaro de reação a situações hostis.

Ataques ao Judiciário, à imprensa e as ameaças de não reconhecer o resultado das eleições voltaram à cena e tendem a aumentar na medida em que o presidente constatar que as tentativas de chacoalhar a economia à base de canetadas têm efeito eleitoral limitado, como se viu no caso do Auxílio Brasil, até há pouco a grande aposta do governo para virar os ponteiros das pesquisas.

Entre os que recebem o benefício, aumentou em 3 pontos percentuais a avaliação negativa do governo desde o mês passado, segundo a Quaest.

E como quanto mais feio o presente parece mais a nostalgia embeleza o passado, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o principal oponente de Bolsonaro, parece a 62% dos eleitores "o melhor presidente da história recente" quando o assunto é "fazer seu salário ter mais poder de compra", diz a pesquisa.

Bolsonaro está desesperado e dá mostras disso: seu exército imaginário de soldadinhos de chumbo já adentrou o campo de batalha.