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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Com erros de Lula e Bolsonaro, debate aumenta chances de segundo turno

Colunista do UOL

29/08/2022 11h32

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Jair Bolsonaro (PL) fez o que mais temia a sua campanha ao atacar as mulheres, em público e ao vivo. E o tarimbadíssimo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cometeu um erro surpreendente ao titubear diante das acusações de corrupção de seu partido logo na primeira pergunta feita pelo oponente.

Os protagonistas do primeiro debate entre presidenciáveis desta campanha saíram-se mal — o palco foi dos pequenos.

Simone Tebet (MDB) foi de longe a mais bem-sucedida ao lidar melhor com o tema que acabou dominando o encontro, a defesa dos direitos das mulheres.

Mas Ciro Gomes (PDT) não ficou atrás. Nas redes sociais, levantamento da AP Exata apontou que o pedetista foi o terceiro candidato melhor avaliado no enfrentamento, depois de Tebet e da até ontem imperceptível Soraya Tronicke (União Brasil).

Ciro bateu dos dois lados e bateu bem.

Recusou-se a cair na conversa macia de Lula, destinada a pavimentar o caminho para uma aliança no segundo turno, e respondeu à piscada do petista pisando no seu calo. 'Infelizmente, Lula, você se deixou corromper". Conseguiu o que queria: desestabilizar o oponente e fazê-lo subir o tom, numa tática voltada a proteger seus votos da ameaça da migração "útil" para o petista.

O sucesso dos nanicos no debate e a fraca performance dos protagonistas mudará o cenário desta eleição?

Dificilmente, mas pode ajudar a adiar seu resultado.

As pesquisas indicam que tanto Lula quanto Bolsonaro têm uma taxa inédita de votos consolidados, em torno de 80%.

Significa que a imensa maioria do eleitores do presidente e do ex-presidente já está convicta da sua escolha — e não será a reafirmação de fatos sabidos (como a misoginia de Bolsonaro ou a prática de corrupção pelo PT) que deverá mudá-la.

Hoje, as chances de Lula vencer no primeiro turno estão penduradas na margem de erro das pesquisas.

Se o bom desempenho apresentado por Tebet, Ciro e Soraya Tronicke no debate se mantiver ou tomar fôlego na propaganda eleitoral na TV que se inicia agora, o cesto de votos da terceira via pode ganhar peso — caso em que o sonho petista de liquidar a fatura no dia 2 de outubro cairá por terra de vez.