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Falta de fiscalização em obra do metrô de SP põe em xeque modelo de PPP
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Apresentada como exemplo de boa gestão e eficiência em gestões tucanas, a PPP (Parceria Público Privada) plena da linha 6 do metrô de São Paulo volta a ser colocada em xeque diante de problemas do tamanho da cratera que se abriu ontem em uma das principais vias da capital paulista.
Há dez anos, o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), lançava o modelo em que o consórcio vencedor assume obra e operação de trens, como forma de garantir economicidade e agilidade à expansão do metrô paulistano.
Ao não prever corretamente os riscos de construção da nova linha a poucos metros de uma tubulação de esgoto de grandes dimensões, o consórcio que cuida da obra transformou economia em prejuízo imensurável para a cidade.
"O Metrô tem expertise para fiscalizar e atuar junto aos contratados. Neste modelo de PPP, ele deixa de acompanhar isso diretamente, o que é um problema", explica o engenheiro civil Ivan Maglio, pesquisador e colaborador do IEA (Instituto de Estudos Avançados) da Universidade de São Paulo (USP).
Prevenção
Voz respeitada na academia e no mercado, Maglio entende que o acidente de terça poderia ter sido evitado, se considerado o caminho percorrido até a data em que o asfalto abriu.
Pelo atual estágio da obra, a identificação de interferências no traçado e da distância segura para a passagem do novo túnel do metrô sem abalos deveria ser ponto superado.
"A obra já havia obtido sua licença de instalação, ou seja, já deveriam ter sido apresentados planos para evitar riscos em sua área de influência e impactos", diz.
O engenheiro lembra que o traçado do interceptor de esgotos atingido deveria ter sido identificado pelo consórcio junto à Sabesp, empresa que cuida da água e do esgoto da cidade.
Pelo seu raciocínio, paga-se o preço da condução de contrato por uma empresa privada diretamente com a secretaria de Transportes. Uma opção que abre mão de 50 anos de experiência acumulados pelo corpo técnico da Companhia do Metropoliano de São Paulo, o Metrô.
"É um erro de execução. Alguma coisa falhou", resume.
Histórico de dificuldades
As dificuldades do modelo de PPP com DNA tucano começaram lá atrás, com os atrasos na desapropriação de imóveis, diante do impasse que impedia um consórcio privado de realizar o procedimento.
Driblado o problema, veio a Lava Jato e a revelação de estruturas de pagamento de propina envolvendo justamente as empresas que tinham assumido o consórcio: Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC.
Ninguém teve coragem de lhes oferecer financiamento. Elas abandonaram o projeto e ele só veio a ser retomado em 2020 pelo grupo espanhol Acciona.
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